Granado Pharmácias: passado e presente
09/07/2019 16:24
Juan Pablo Rey

Palestra aborda história e aspectos da centenária empresa que soube se reinventar

A primeira loja ficava na tradicional Rua Direita, hoje Primeiro de Março, no centro do Rio. Foto: Marc Ferrez

A história da tradicional farmácia carioca Granado foi pauta de palestra no dia 4, como parte do projeto Diálogos, da Associação dos Antigos Alunos e o IAG. Luiza Ferrez, que faz parte da equipe de Comunicação e Marketing empresa, e Ana Carolina Soares, designer da marca, contaram curiosidades, ações, e o que levou a empresa, fundada há quase 150 anos, a se estabelecer e solidificar no mercado brasileiro e, agora, também internacional.

A empresa foi criada em 1870 pelo português José Antônio Coxito Granado. No princípio, a “pharmácia”, como atualmente se intitula o negócio para manter as origens, manipulava produtos com extratos vegetais de plantas, ervas e flores brasileiras. A qualidade dos produtos foi reconhecida por Dom Pedro II, que conferiu à Granado o título de Farmácia Oficial da Família Imperial. Segundo Luiza Ferrez, ao comprar a empresa em 1994, o inglês Christopher Freeman percebeu que, ao valorizar esta rica memória, a marca também seria valorizada.

- Nós achamos que nosso diferencial foi ter resgatado o acervo. A família Granado guardou, talvez pelo espírito europeu de manter a história, folhetos, propagandas, balanças, um material muito rico. Usamos esse material para refazer nossa logo, e consultamos até hoje esse conteúdo para lançar novos produtos, fazer campanhas publicitárias. Essa é a nossa grande identidade. – destacou Luiza.

Loja Granado, hoje, na Rua Primeiro de Março. Foto: Acervo Granado

Em 1903, o irmão do fundador, João Bernardo Granado, criou o principal produto da marca: o polvilho antisséptico. A invenção, marco da época e aprovada pelo cientista e médico Oswaldo Cruz, tem até hoje a fórmula inalterada e vende mais de um milhão de unidades por mês. O talco ajudou a reforçar a fama da farmácia, que colecionava clientes famosos como o jurista Ruy Barbosa, o abolicionista José do Patrocínio e o prefeito Francisco Pereira Passos, frequentadores assíduos do local.

- Ao longo dos anos, o polvilho foi passando por algumas mudanças. Na Segunda Guerra Mundial, por exemplo, foi necessário mudar o material da embalagem. O polvilho é o nosso produto estrela, é o único talco do mercado que realmente mata as bactérias que causam o mal cheiro.

 Diferentes embalagens do Polvilho Antisséptico. Foto: Acervo Granado

Quando foi comprada pelo inglês Christopher Freeman, há mais de duas décadas, a marca tinha apenas duas lojas. Dez anos depois, a tradicional perfumaria paraense Phebo foi adquirida pelo empresário, o que possibilitou uma maior variedade de produção e produtos. Segundo Luiza, esta incorporação foi essencial para aumentar o mix de opções da marca e ajudou no crescimento massivo da Granado. Hoje, a empresa tem 68 lojas conceitos no Brasil e duas em Paris.

- Quando o presidente comprou a Granado, nós só tínhamos um produto estrela, o que é perigoso. Um dos grandes desafios foi ampliar o mix, e hoje em dia nós temos orgulho por ter dezenas de produtos estrelas no portfólio. A empresa estava um pouco desatualizada. As primeiras atitudes do senhor Freeman foram de melhoraria na infraestrutura, logística e condições da fábrica. Foi uma mudança estrutural para começar o projeto das novas lojas. Nós passamos a ouvir nosso consumidor e agir.

A Granado buscou recuperar o patrimônio para se manter fiel às origens. Inaugurada em 1917 e primeira filial da farmácia, a loja que funciona na Tijuca manteve o piso original, e a decoração remete ao cenário das boticas antigas com objetos e propagandas da época. Mais recentemente, em 2013, a empresa abriu a primeira loja fora do país, em Paris, e iniciou um processo de internacionalização. Designer da Granado, Ana Carolina Soares disse que investir no ambiente é também uma estratégia para conquistar clientes.

Loja Granado em Paris. Foto: Acervo Granado

- A loja de Paris tem um caninho que solta uma fragrância e, quando você está andando pela calçada, é impactado pelo cheiro e fica curioso para entrar na loja. O produto da vitrine é o produto da fragrância que está no ar. Você sente o cheiro muito antes de chegar à vitrine. Isso atrai público, as pessoas ficam impactadas.

Mais Recentes
Alunos terão desconto em moradia universitária
PUC-Rio fechou parceria com Uliving, maior rede deste tipo de serviço no país
Álvaro Caldas lança quinto livro de sua carreira
Nos anos de pandemia, a janela se tornou uma ligação vital para mundo exterior
Tecnologia, Inovação e Negócios no Instituto ECOA
Encontro reúne alunos e convidados para discutir o fornecimento de água e saneamento no Rio de Janeiro