Uma década de Francisco
23/03/2023 09:52
André Bocaiuva

Austen Ivereigh ministra aula inaugural do Departamento de Teologia

Austen se encontra com o Papa Francisco. Foto: Arquivo Pessoal

Os dez anos do pontificado de Papa Francisco foram o tema da Aula Inaugural do Departamento de Teologia, que ocorreu no dia 14 de março. Ela foi ministrada pelo professor Austen Ivereigh, jornalista inglês que escreveu duas biografias sobre o líder religioso: Let us dream e The great reformer. A aula foi mediada pelo diretor do Departamento de Teologia, Padre Waldecir Gonzaga e pela professora Maria Clara Bingemer.

Austen abordou elogiou o papado de Francisco, afirmou que o argentino teve muita coragem para quebrar paradigmas presentes há muito tempo na Igreja. O biógrafo do pontífice contou que o encontro do Papa com jornalistas do mundo todo após a eleição do jesuíta para o Vaticano chocou muitos presentes, incluindo aqueles que eram ateus. Ele ressaltou que, após os dez anos de pontificado, a sensação é de que ninguém foi deixado de lado.

— Acho que o grande legado do pontificado é a imagem do povo caminhando todo junto, ao lado do Papa. Ele não chegou com uma visão de mudar a Igreja. O que mais importa é que o espírito esteja institucionalizado na Igreja. O exercício mais importante é o da autotranscendência.

Austen elogiou o papado de Francisco. Foto: Arquivo Pessoal

O escritor britânico também falou sobre a postura da diferença de olhar para dentro e fora da Igreja. Para ele, Francisco deu um passo importante ao reconhecer que a Igreja precisava de uma conversão para poder evangelizar o povo de novo. Austen acreditava que a Igreja estava com uma fé muito individualizada e, por isso, havia a necessidade da conversão. Para isso, o Papa se apoiou em um documento escrito antes de seu papado, o Documento de Aparecida.

— O Documento de Aparecida entendeu que o maior obstáculo da Igreja foi a própria desolação da Igreja. Houve uma separação entre a Igreja e o povo de Deus. Por isso a reforma consistia em uma mudança de um lado e do outro, mas também implicava em combater os males que eram uma consequência para essa fechadura.

Austen acredita que Francisco fez importantes mudanças na Igreja. Foto: Arquivo Pessoal

O modo como a conversão deveria ser feita também foi um assunto abordado. Para Francisco, o primeiro objetivo era reconhecer essa necessidade. Austen citou um discurso do Papa, quando ainda era conhecido como Cardeal Bergoglio, no qual o argentino mostra uma imagem de um Jesus preso dentro de uma Sacristia, querendo sair, mas com a sala trancada. Ele explicou o significado dessa imagem, que era o de que a fé da Igreja Católica, naquele momento, estava voltada para o indivíduo e não para fora. Esta falta de fé era decorrente de uma falta de fé nas promessas de Cristo.

O segundo objetivo era que a comunidade deveria começar a dirigir a evangelização para fora, principalmente para as periferias. Austen explicou que a principal ação de fé era mostrá-la ao próximo.

— Quando ele fala de sua conversão, ele não quer dizer que os tipos de iniciativa não dependem apenas de nossos argumentos. O Senhor nos fala que não se convertem pessoas apenas com os argumentos, mas sim acolhendo a todos. As ações que são mais importantes são as obras de misericórdia com o “vizinho”. O compromisso social é a consequência dessa vida de oração e ações.

 

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