Prefeito eleito de São Paulo rejeita comparação a Trump
09/10/2016 15:51
Paula Kraizer/ Fotos: Rovena Rosa/Agência brasil

Após a vitória na última eleição municipal da cidade de São Paulo, o empresário João Doria Júnior foi sabatinado sobre o ingresso na política e o resultado das urnas no Festival Piauí Globonews de Jornalismo.

João Doria participou de uma das mesas do Festival Piauí Globonews de Jornalismo. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Um homem que gosta de desafios e enxergou na política uma oportunidade de exercer o papel de cidadão. É assim que o prefeito eleito de São Paulo, João Doria, se define. Em entrevista pública no Festival Piauí GloboNews de Jornalismo, em São Paulo, o futuro prefeito da maior capital do país comentou sobre a primeira campanha dele a um cargo público e como a profissão de jornalista foi uma vantagem que o ajudou a vencer o embate com políticos veteranos como Marta Suplicy (PMDB), Luiza Erundina (Psol), e o atual prefeito, Fernando Haddad (PT).

Sobre a disputa de segundo turno para a Prefeitura do Rio, entre os candidatos Marcelo Crivela (PRB) e Marcelo Freixo (Psol), o empresário manteve a política da boa vizinhança e preferiu responder, de forma descontraída, que está “com o Rio de Janeiro”, sem tecer opinião ou tomar partido entre os dois candidatos.

Doria respondeu perguntas dos participantes do Festival

Conhecido por apresentar programas de televisão, como reality show O Aprendiz, João Doria atribui a facilidade em lidar com as pessoas e de falar em público à experiência de comunicador. Ele acredita que continua sendo gestor e administrador mesmo na condição de um cargo político.

- Não há profissão para aquele que deseja disputar um mandato. Você pode ser advogado, jornalista, publicitário, da área industrial, ou pode ser você mesmo. É uma boa alternativa se você quiser fazer cidadania.

Dória rejeita comparações com o atual candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, que foi apresentador da versão americana do reality show Aprendiz, e também é um grande empresário que se identifica, durante a campanha eleitoral, como um não-político, conforme o prefeito eleito fez.

- Eu agradeço e declino. Se é para fazer comparação, eu prefiro com o Michael Bloomberg (empresário e ex-prefeito de Nova York), que é bem mais o meu estilo e gênio, uma pessoa pela qual eu tenho admiração.

João Dória evitou falar de adversários políticos que o criticaram durante a campanha. Segundo ele, mesmo com divergências em posicionamentos e ideologias partidárias, existe o respeito circunstancial que as pessoas devem ter com o próximo. Ele chegou a elogiar setores do próprio partido que foram, inicialmente, contra a candidatura dele e adversários nas eleições deste ano, como o atual prefeito Fernando Haddad, apontado pelo político como “uma pessoa de bem”.

Ao longo da campanha eleitoral, João Doria foi chamado de “coxinha” por opositores. No entanto, o que poderia ser uma desvantagem foi utilizado pelo candidato, na época, a seu favor, de forma descontraída. Ele tirou fotos com o salgadinho coxinha, distribuiu para jornalistas, comeu pastel e a tomou quentão, sempre com bom humor.

O empresário e mais novo prefeito de São Paulo foi eleito ainda no primeiro turno das eleições municipais deste ano, com 53,29% dos votos válidos, equivalente a um pouco mais de 3 milhões de votantes, seguido pelo candidato Fernando Haddad, com quase 17%. Em contrapartida, ao juntar os votos brancos (367.471), nulos (788.379) e abstenções (1.940.454), o total é de 34,84% do colégio eleitoral, número relativamente alto quando comparado a eleição anterior (em 2012 foi de 28%). Para João Doria, estes números mostram uma insatisfação dos eleitores em geral.

- Foi um recado das urnas. Para mim, ficou muito claro que houve um recado do eleitorado em todo Brasil, não só em São Paulo, de que há um distanciamento da opinião pública, portanto dos eleitores, em relação aos políticos. Foi um alerta, sobretudo para a velha política. Seja através do voto válido para aqueles que já foram eleitos no primeiro turno, como é o nosso caso, seja para os que estão disputando o segundo turno.

Mais Recentes
Angústia do lado de fora das grades
Mães relatam o medo de os filhos contraírem Covid-19 no cárcere
Os 30 anos do voto democrático
Constituição de 1988 completa 30 anos e marca a abertura do voto facultativo para jovens de 16 e 17 anos, idosos acima dos 70 e analfabetos 
Informalidade no trabalho se torna empreendedorismo
Aumento do número de empregos sem carteira assinada apresenta nova face do trabalhador brasileiro