A Vice-Reitoria de Infraestrutura e Serviços (VRIS), responsável pela implementação e manutenção dos bicicletários da PUC-Rio, anunciou, recentemente, que uma das metas da Universidade é uma boa avaliação no ranking UI GreenMetric. O “selo” qualifica as instituições mais sustentáveis. Iniciativa da Universidade da Indonésia, a métrica avalia, pontua e cria um ranking de mais de mil universidades do mundo baseado em práticas e compromisso com o desenvolvimento sustentável. O maior objetivo é incentivar a consciência sustentável entre os alunos. São seis categorias e o transporte ecológico, como o uso de bicicletas para se locomover até o campus, é uma delas.
No ranking internacional, a PUC-Rio conquistou a posição de 22ª universidade mais sustentável do Brasil, em 2022. Se depender dos planos da Vice-Reitoria da PUC-Rio em acabar com a circulação de carros no campus, haverá um crescimento substancial dos fãs das pedaladas.
Desde que foi instalado na Universidade, o bicicletário foi imediatamente adotado por alunos, professores e funcionários. Prova disso é o aumento significativo no número de pessoas que usa o transporte para se deslocar até a PUC-Rio. Atualmente, há 350 vagas, podendo chegar a 425 em dias de maior movimento. Ao todo, são cinco bicicletários espalhados por pontos estratégicos no campus: quatro deles para bikes elétricas e um para bicicletas convencionais. Se for levado em conta as estações com bicicletas do Itaú, este número fica ainda maior. A menos de cinco minutos da PUC-Rio, há duas estações, com 15 vagas cada.
Inaugurado no início deste ano, o bicicletário "Acesso 2", como é conhecido entre os funcionários da Coordenadoria de Parqueamento, fica próximo às barraquinhas, ao lado da entrada do terminal de ônibus. O espaço foi cedido pelo MetrôRio e tem capacidade para 140 bicicletas elétricas e pode chegar a 200 devido à rotatividade. Já o Bicicletário Central, primeiro a ser construído, fica no terminal de ônibus, na Avenida Padre Leonel Franca. O espaço conta com capacidade para 115 “magrelas” e é exclusivo para bicicletas comuns.
Morador do Leblon e aluno do 6º período de Direito João Frederico Terra, 21 anos, conta que as viagens de bicicleta até o campus são bem mais rápidas e ainda não poluem o meio ambiente.
— Gasto cinco minutos de deslocamento. É conveniente também, porque economizo bastante com transporte. Além disso, acho muito importante usarmos transportes alternativos como uma opção ao carro.
Para atender a um aumento de demanda, uma nova unidade foi inaugurada no acesso da Rua Marquês de São Vicente no início deste ano com capacidade para mais 15 vagas. O fato de os estacionamentos contarem com espaço para bikes elétricas diminui ainda mais os impactos ambientais. De acordo com dados divulgados em O Estadão, pesquisadores da Aliança Bike e do Laboratório de Mobilidade Sustentável da UFRJ concluíram que, aqueles que usam a bicicleta como meio de transporte em vez do carro, deixam de emitir 4,4 kg de dióxido de carbono (CO2) anualmente.
Além de ser ambientalmente amigável, o uso da bicicleta traz benefícios à saúde que vão desde a melhora da condição cardíaca até a prevenção da obesidade.
O meio de transporte ecológico parecia destinado ao aluno do 2º período de Engenharia da Computação Pedro, 19 anos, que carrega o sobrenome de Saúde. Ele também enumera o custo-benefício da bike elétrica.
— Não gasto nada, só com o preço e manutenção da bike. Moro no Arpoador, levo 20 minutos até aqui e não preciso ficar dependente do ônibus. Já faz um ano que venho assim para PUC-Rio, menos quando está chovendo, porque aí não tem jeito.
A Coordenadoria de Parqueamento da Universidade estabelece algumas regras para manter o bom funcionamento desses espaços, que são de uso coletivo. Por exemplo, o pernoite é proibido. Caso o usuário esqueça a bike em algum dos estacionamentos, os funcionários da Coordenadoria de Parqueamento são instruídos a trancá-la e deixar uma notificação para que o veículo possa ser liberado pelo proprietário.
— A medida é para evitar que as pessoas deixem a bicicleta “largada” na Universidade. Muita gente já deixou a bicicleta aqui e nunca mais voltou. Isso acaba atrapalhando o fluxo de alunos e funcionários que usam os bicicletários durante a semana — destaca a coordenadora da unidade, Fernanda Mota.
Para se ter um controle das bikes que entram e saem do campus, alunos, professores e funcionários devem informar nome completo, curso e matrícula na primeira vez que usam os bicicletários. Com esses dados, o nome do proprietário vai para uma lista, que é atualizada conforme novos “cadastrados” comecem a utilizar os locais. A adoção dessa lista busca dar segurança para os donos das bicicletas.
Se mais membros da comunidade PUC-Rio adotarem esse tipo de transporte, o sonho da VRIS de zerar o número de carros no campus pode estar cada vez mais perto. A longo prazo, a Universidade pode até desbancar as universidades holandesas no UI GreenMetric, primeirissimas no ranking. A Holanda ainda é a capital mundial das bicicletas.