“Sustentabilidade hídrica é um dos maiores objetivos da Agenda Socioambiental da PUC”
14/06/2016 16:29
Lucas Paes

Vice-diretor do Nima, o professor Fernando Walcacer convoca a todos para atuar pela preservação da água

Fernando Walcacer. Foto: Ana Carolina Nunes

Evitar o desperdício e atuar pela conservação dos recursos hídricos são os caminhos para que a PUC-Rio se torne sustentável no que diz respeito à água. Discutida ao longo da XXII Semana de Meio Ambiente, a atualização da Agenda Socioambiental da PUC-Rio tem como objetivos a conscientização do uso racional e sustentável da água, o monitoramento do consumo de água por unidade da universidade e, em longo prazo, medidas mais ambiciosas, desde a implantação de um sistema de captação para aproveitar toda a água de chuva no campus até o monitoramento dos efeitos das mudanças climáticas no regime hidrológico do vale da Gávea.

Ao lembrar que a agenda atualiza um projeto de 2009, que já previa ações de preservação da água na PUC, o professor de Direito Ambiental e vice-diretor do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima) da universidade, Fernando Walcacer, afirma que o próximo passo é “transformar as metas anteriores em realidade”. Em entrevista ao Jornal da PUC Online, Walcacer destacou ainda o trabalho desenvolvido pela PUC-Rio para recuperar o Rio Rainha, que corta o campus principal, e a importância da atuação dos alunos contra o desperdício.

Entre os pontos da Agenda Socioambiental, quais o senhor considera mais relevantes em relação à água?
Fernando Walcacer:
O objetivo da PUC é se tornar uma universidade sustentável no tema água. Por isso, precisamos fazer uma série de questionamentos. Como esse recurso é usado? Nossos banheiros têm temporizadores para evitar desperdício? Existem vazamentos ou alguma política de reuso da água? O trabalho de formiguinha é muito importante, pensando no nível de consumo e na eficácia do sistema empregado na universidade. Por outro lado, no entanto, também há uma preocupação mais ampla: o campus da Gávea é cortado pelo Rio Rainha, que sofre com níveis altos de poluição. Com isso, fazemos de tudo para preservá-lo e trazer de volta sua qualidade.

Como a PUC-Rio trabalha para a preservação do Rio Rainha?
Walcacer:
São feitas pesquisas sobre a qualidade da água, mas ainda não temos dados consolidados. É um rio complicado, urbano. Atualmente, a PUC mantém parceria com o comitê gestor da bacia da Lagoa Rodrigo de Freitas, responsável pela conservação do Rainha. É importante, entretanto, ir além, interagindo também com outras áreas cortadas pelo fluxo de água. Essas áreas vão desde comunidades pobres até condomínios luxuosos. A lei prevê que qualquer proposta envolvendo uma bacia hidrográfica precisa considerar questões sociais. Por isso, as populações em torno do Rainha serão beneficiadas.

Nesta revisão da Agenda que está sendo feita, quais as mudanças mais significativas ligadas à questão da água?
Walcacer:
A grande mudança de paradigma se dará com a implantação do sistema de gestão ambiental, que constava na agenda em 2009, mas apenas como um projeto futuro. Agora, mudamos o status da proposta e a colocaremos em execução. O sistema vai incorporar o que existe de mais contemporâneo e trabalharemos com a articulação de diferentes setores, inclusive o da água. Nossa intenção é administrar os recursos naturais existentes no campus, protegendo a biodiversidade geral.

Foto: Paula Bastos Araripe 

O Nima também desenvolve projetos próprios relacionados à água?
Walcacer:
O Nima desenvolve vários trabalhos conjuntos. Atualmente, um dos nossos principais focos é o Rio Rainha. Lançamos um livro que aborda o tema, a partir de um seminário realizado meses atrás, sob a chancela de professores de diferentes departamentos da universidade [O e-book Gestão local de recursos hídricos: uma reflexão para a cidade do Rio de Janeiro está disponível para download no site da Editora PUC-Rio]. De qualquer forma, a atividade do Nima está em consonância com as propostas da Agenda Socioambiental.

Em palestra na Semana do Meio Ambiente, o senhor disse que o Brasil não está estruturado para lidar com os desafios da água. Grande parte desse despreparo passa pela pouca conscientização do povo brasileiro sobre o tema. No âmbito mais restrito da PUC, qual a importância da participação dos alunos na busca pelas metas de conservação?
Walcacer:
O auxílio dos alunos é fundamental. A ideia da Agenda Socioambiental precisa estar relacionada à noção de que a PUC forma pessoas. Se o estudante universitário já toma conhecimento da escassez, do valor econômico e da necessidade de cuidar da água, vai disseminar a conscientização para todos em volta. No fundo, o projeto da Agenda é uma iniciativa de educação ambiental. Se o aluno puder levar da PUC informações seguras sobre a situação da água no Brasil, os perigos que sofre, assim como do restante da biodiversidade também, ele atuará como a própria Agenda em movimento.

Mais Recentes
Pecuária com benefícios ambientais
Fazenda de ex-aluno da PUC-Rio é reconhecida internacionalmente como uma solução sustentável para a criação de gado
A sustentabilidade na pandemia e no progresso humano
Palestrantes discutem os diferentes impactos da degradação ambiental durante e após a pandemia
Ecologia integral em um mundo fragmentado
Na abertura da Semana de Meio Ambiente, palestrantes analisam os cinco anos da encíclica Laudato Si'