“As provas são necessárias à aprendizagem, porém é preciso conter seu potencial destrutivo”. O alerta da psicóloga Thereza Penna Firme, especialista em avaliação do Cesgranrio, é acompanhado da recomendação de se valorizar métodos construtivos e participativos:
– Uma avaliação eficiente é participativa, não impositiva; construtiva, não destrutiva. Em caso de resultado insatisfatório do aluno, o educador tem que estar preparado para comunicar o fracasso sem desestimulá-lo. Para isso, é preciso dizer o que há de bom no estudo antes de explicar as razões do insucesso – orientou a especialista, em palestra, esta segunda, na PUC-Rio.
Thereza é categórica ao reiterar a importância de o professor corrigir sem desestimular o aluno. Uma das chaves para mantê-lo motivado, pondera a psicóloga, é justamente o caráter participativo do ensino e da avaliação. Princípio que, ainda de acordo com a especialista, não raramente passa ao largo em escolas do ciclo básico, nas quais “o aluno não tem voz e simplesmente assimila o que é apresentado pelos professores, muitas vezes ignorantes em termos de avaliação”. Ela alerta:
– O resultado disso é a repetência de alunos que se desenvolveram física e socialmente mas são submetidos a um estágio acadêmico anterior. Esses são os que preenchem os números da evasão escolar, pois se acham incapazes de aprender depois das supostas falhas. Mas o que falhou foi a avaliação, não os alunos. Conheci garotos nas ruas de Copacabana que deixaram a escola antes de aprender a ler porque se achavam burros e aprenderam a ler numa banca de esquina.
Fantasma crônico da educação nacional, a evasão escolar se mantém alta. Mais de 1,5 milhão de brasileiros entre 7 e 14 anos estão fora das escolas, estima o MEC. Dos esforços coordenados para dirimir o problema, faz parte o aperfeiçoamento dos métodos avaliativos, recomendam especialistas na área. Tal aprimoramento, enfatiza Thereza, deve considerar “o foco da avaliação, o aluno, as histórias de cada um, bem como as circunstâncias em que a avaliação foi feita”.
– A recorrência a dados quantitativos ignorando os qualitativos faz das avaliações pesquisas. Só que pesquisas trabalham com variáveis e avaliações, com valores. Qualquer criança é capaz de fazer uma conta numérica de notas obtidas e reprovar. A função primordial do educador é recuperar – lembra Thereza. Ela acrescenta:
– O professor básico não tem visibilidade. Essa iniciativa da PUC é louvável, pois nos ajuda a pensar a educação e a preparar os professores primários – destaca a psicóloga, dirigindo-se à plateia formada, em grande parte, por alunos de licenciatura da PUC-Rio.