A volta do futebol romântico
03/10/2023 18:04
Ana Tonelli, João Lustosa e Letícia Guimarães

Palestra na sala 102-k registra o olhar apaixonado de entusiastas do esporte  

Sergio Pugliese e Alexandre Niemeyer falaram sobre o resgate do futebol romântico. Foto: Kathleen Chelles

O futebol romântico e a época gloriosa do Maracanã foram lembrados em palestra do “Seminário de Comunicação Esportiva”, na PUC-Rio, nos dias 13 e 14 de setembro.  Os convidados Sergio Pugliese, fundador do Museu da Pelada, Alexandre Niemeyer, herdeiro do Canal 100, e Antonio Leal, idealizador do Cinefoot trabalham com a preservação da memória e buscam eternizar momentos históricos do futebol. Eles discutiram sobre a importância de mostrar o que vai além das quatro linhas e as mudanças nas arquibancadas.

O Canal 100 foi responsável por registrar momentos marcantes da história do futebol, de 1957 a 1986. De uma forma singular e com olhar artístico, as filmagens produzidas por Carlos Niemeyer transmitiam o esporte com um toque de romantismo. Antes da exibição dos filmes, o público ficava entusiasmado com as imagens exibidas, principalmente do futebol. Alexandre Niemeyer herdou o acervo de seu pai e acredita que o canal foi responsável por criar uma linguagem que preserva a história do esporte nos áureos tempos.

—  Os filmes do Canal 100 buscavam mostrar a torcida e os personagens que ninguém enxergava. As transmissões e as histórias ficaram caretas, antes era futebol e torcida, hoje há muito mais publicidade. A torcida mudou, é outra realidade, pouca gente tem dinheiro para ir aos estádios – afirmou Alexandre Niemeyer.

Alunos compareceram à palestra para o passado do futebol. Foto: Kathleen Chelles

O jornalista Sergio Pugliese iniciou o Museu da Pelada em 2014 após a goleada sofrida pelo Brasil na Copa do Mundo. Ele foi influenciado pelo desejo de manter viva a memória do antigo Maracanã, por isso procura atrair a atenção de gerações mais novas para que possam conhecer o passado e preservá-lo. Com o museu, Pugliese propõe uma integração das torcidas, prática frequente no passado.

—  Estava assistindo ao 7 a 1 com meus filhos e amigos deles. Durante a derrota, eles estavam falando mal da seleção, se questionando “cadê os craques?”. Eu defendi, disse que nosso futebol não era aquele e decidi agir para resgatar a memória.

Pugliese contou como teve a ideia da criação do Museu da Pelada. Foto: Kathleen Chelles

O diretor Antonio Leal criou o Cinefoot em 2010, com o intuito de levar o futebol para as telonas. O projeto é o único festival de cinema no Brasil que exibe o esporte mais consumido do país. Assim como o Canal 100, essa iniciativa resgata o aspecto romântico e eleva a condição de espetáculo, ao introduzir o campo e bola ao universo artístico. 

— A gente não quer só exibir filmes sobre jogadores, conquistas, clubes e torcedores, queremos histórias humanas do futebol, que ultrapassem os 90 minutos. Buscamos transformar a programação em uma pauta bastante ampla para que os filmes que abordam os mais diversos olhares sobre o futebol sejam vistos no festival.

Os convidados da palestra tentaram fugir do discurso saudosista, mas compartilharam a emoção de viver a época de ouro do futebol. O encontro contou com pessoas de diversas gerações, as que viram de perto a história acontecer e aquelas que estão sendo apresentadas ao passado, agora. Pedro Redig, jornalista e amigo de infância de Alexandre Niemeyer, ficou comovido ao reviver tantas memórias.

— Achei super legal, fico muito emocionado ao ver os jovens seguindo o mesmo caminho que eu trilhei. Me dá um flashback de prazer e de alegria – conclui Redig, que mora atualmente em Londres.

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