Integração e interdisciplinaridade
04/09/2023 13:00

PUC-Rio promove semana de integração entre calouros de diversos cursos, que contam suas expectativas para a nova fase da vida.

Estudantes fazem cartaz para celebrar a diversidade. Foto: Caio Matheus

Durante a primeira semana deste semestre, os novos estudantes da Universidade puderam participar de atividades interdisciplinares e inovadoras. Com a oportunidade de entrar em contato com alunos de outros cursos da graduação, os calouros se mostraram animados para o início de uma nova etapa.

Na segunda-feira, dia 14 de agosto, o Departamento de Arquitetura e Urbanismo realizou uma oficina de dobraduras, e, segundo o Coordenador da Graduação de Arquitetura, professor Alder Catunda, a dinâmica tinha como objetivo mostrar noções básicas do curso aos novos alunos.

– O nome da atividade é escalando espaços, no sentido de dar escala. O objetivo do exercício é mostrar aos calouros de diversos cursos alguns conhecimentos básicos do curso de arquitetura, e entre os mais importantes, a escala, que pode ser percebida por meio das dobraduras.

Os professores Robério Catelani e Alder Catunda, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Foto: Mateus Monte

Em seguida, no Edifício Cardeal Leme, o Secretariado do Modelo Intercolegial de Relações Internacionais (MIRIN), composto por alunos da graduação de Relações Internacionais, fez uma simulação do modelo utilizado na Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir os problemas que ocorrem pelo mundo.

Marina Zenha, estudante de Relações Internacionais, explica a dinâmica do Modelo ONU. Foto: Mateus Monte

O Coordenador da Graduação de Relações Internacionais, professor Ricardo Santos, comentou sobre a importância de realizar o modelo para os futuros internacionalistas, além do papel dessa profissão para ajudar a solucionar conflitos entre nações.

– Um dos principais objetivos do Mirin é produzir profissionais e cidadãos que sejam capazes de dialogar com a diferença e buscar sempre soluções comuns e duradouras para a resolução de vários tipos de conflitos que possam existir, principalmente em um contexto polarizado que nós estamos vivenciando. A prática diplomática é mais do que necessária para aprendermos a lidar com a diferença.

O coordenador da graduação em Relações Internacionais, Ricardo Santos. Foto: Mateus Monte

Para além da Universidade, o professor considera que cada vez mais é preciso refletir sobre a importância do multilateralismo, da educação e cultura na sociedade. Por isto, ele aponta a relevância da atuação dos profissionais de RI  em processos de mediação nas mais diversas áreas.

– O internacionalista deve sempre buscar se desenvolver e aperfeiçoar suas competências na resolução de problemas e negociação conjunta com os demais indivíduos. Assim, além da diplomacia, é possível atuar em organizações intergovernamentais, no terceiro setor e na iniciativa privada.

No fim da manhã, a Rede de Apoio ao Estudante (RAE) organizou um encontro para a integração dos calouros de todos os cursos da graduação. Estudante de Engenharia de Computação, Lívia Ramos, 18 anos, participou da reunião e afirmou que ficou bastante animada para conhecer pessoas de diferentes cursos e entusiasmada para descobrir o as diversas possibilidades que existem dentro do campus da Universidade. 

–  É bom poder interagir com as pessoas que sentem essa mesma animação. Mas agora estou conhecendo melhor o pessoal do meu curso e da minha área. Estou ansiosa para essa nova fase, para descobrir coisas novas.

Calouros participam de atividade integrativa. Foto: Mateus Monte

Segundo dia

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) se reuniu com os novos colegas de campus para mostrar o papel da organização na vida estudantil. O coordenador geral do DCE, Brendo Adryan,  21 anos, explicou a atuação da entidade como representante dos universitários e comentou que o diretório funciona como um espaço de acolhimento  para os calouros a fim de que eles possam se integrar com mais facilidade.

– E muitas das nossas atividades também podem dar base para trabalhar em certas áreas, como a comunicação, mas agora de maneira que vá além do lado acadêmico. Nosso papel é mobilizar os estudantes dentro e fora da Universidade, tornar este, um ambiente mais inclusivo, em que os alunos se sintam bem e representados.

Na quarta-feira, a Universidade, em parceria com o Hemorio, organizou a tradicional campanha de doação de sangue no campus. A expectativa era de 140 a 150 doações apenas no primeiro dia. Entre os presentes, funcionários e estudantes que nunca haviam participado da ação, mas que consideram a prática importante para salvar vidas.

É o caso da estudante de Design Mariana Galvão, que possui uma história pessoal com a doação de sangue e espera poder ajudar outras pessoas.

– É minha primeira vez doando, e sempre foi algo que tive vontade de fazer, mas como faço tatuagem, acabava adiando. É importante para mim, porque minha bisavó teve leucemia, e agora poder fazer por ela, mesmo não estando mais aqui, é muito importante.

No começo da tarde, para marcar o início do semestre acadêmico, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, houve a celebração de uma missa, presidida pelo Reitor, Padre Anderson Antonio Pedroso, S.J. No momento da homilia, Padre Anderson comentou sobre o amor aos colegas, alunos e à comunidade universitária como um todo. 

– O que nos move é a fé, mas, acima de tudo, o mais importante desta Universidade é o amor. Jesus disse para decidirmos amar os outros, fazer essa escolha. Amar é decidir pelo bem do outro. O amor não é um sentimento que vai e vem, é decisão e gratidão.

O Reitor, Padre Anderson Antonio Pedroso, S.J.. Foto: Mateus Monte

Durante o ato litúrgico, a pluralidade e o acolhimento às diferentes vertentes religiosas e sociais foram alguns dos temas discutidos pelo Reitor, que destacou sua gratidão à PUC-Rio.

– Uma maneira de comungar é estar em união com o amor e com as pessoas. Não podemos esquecer o endereço de onde podemos encontrar ajuda, e saibam que aqui na Igreja vocês serão acolhidos, independente de religião. A PUC é católica, mas a comunidade é plural.

Ao fim da missa, foi feita uma homenagem ao professor Augusto Sampaio, atual assessor especial da Reitoria, que foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa, a mais alta dignidade conferida pela Universidade.

Professor Augusto Sampaio. Foto: Mateus Monte

Augusto possui uma história de 60 anos com a PUC-Rio, quando ingressou na Escola de Sociologia e Política da Universidade, até trocar o curso por Economia, durante a ditadura militar. Ocupou por três décadas o cargo de Vice-Reitor Comunitário até assumir a assessoria da Reitoria, no segundo semestre de 2023.

– É uma emoção e uma surpresa, mas eu fiquei muito feliz, porque é quase final de carreira, e não esperava receber esse prêmio. A PUC é minha vida há 55 anos apenas como professor, então eu quero agradecer a Deus por a ter colocado no meu coração. Espero que daqui para frente eu tenha saúde para continuar trabalhando aqui, dar seguimento ao meu trabalho, e ajudar as pessoas.

Na parte da tarde, calouros dos cursos de Neurociência, Jornalismo, Direito e Administração participaram de uma atividade sobre o futuro de suas respectivas carreiras na era das fake news.

Os professores dos departamentos envolvidos fizeram a proposta de um exercício interdisciplinar, com a análise de um fato específico - da Escola Base, em São Paulo - e, a partir dele, observar o  impacto causado na sociedade. Após a apresentação do case, os alunos foram incentivados a propor soluções para a questão. O professor Mauro Silveira, do Departamento de Comunicação, destacou o impacto da repercussão de uma notícia na vida dos envolvidos e a importância da apuração jornalística. Segundo ele, o objetivo maior da atividade foi provocar positivamente os alunos dos quatro cursos que participaram da dinâmica para refletir, pesquisar e discutir sobre o assunto.

– Tratamos sobre fake news da seguinte forma: qual o efeito que elas poderiam provocar na administração de uma empresa, no caso, a Escola Base. Do ponto de vista do direito, analisamos se os gestores foram vítimas de calúnia, como o direito poderia ter atuado na época, e o efeito disso sobre a mente das pessoas que sofreram a situação. Discutiu-se uma série de coisas e depois tentou-se fazer projeções com base na realidade atual, em que existe todo um cuidado, também, com o tratamento baseado no Estatuto da Criança e do Adolescente, criado em 1998. 

Do ponto de vista dos estudantes, a experiência foi importante para entender o impacto que as notícias falsas podem ter não apenas na carreira daqueles que a disseminam, mas também na vida pessoal dos afetados. Para a caloura de Jornalismo, Giovanna Alves, 20 anos, combater as fake news e detectar falhas de apuração sobre um fato são trabalhos fundamentais do jornalista. 

— Acho que como jornalista teremos mais trabalho na busca pela verdade. No caso da Escola Base, acredito que para ter um desfecho, diferentes fontes verídicas deveriam ter sido  encontradas para que não houvesse impacto negativo na vida das pessoas. Devido ao grande apelo do público, acabou interferindo no andamento das investigações.

Na Ala Frings do Edifício da Amizade, houve uma roda de conversa entre professores e estudantes das áreas de Estudos de Mídia, Geografia, Relações Internacionais e Ciência da Computação sobre o impacto da tecnologia no âmbito profissional e social. Caloura do curso de Estudos de Mídia, Ana Beatriz Nunes disse que analisar as novas tecnologias é algo importante, pois, no futuro, elas serão temas de destaque nas mais variadas profissões.

– Hoje, toda nova tecnologia é importante. Mesmo em um curso como Relações Internacionais, que não fala muito diretamente sobre isso, existe todo um envolvimento de dados e de geopolítica. É essencial o debate em todos os cursos, essas pautas são cada vez mais presentes e frequentes.

A diversidade foi um dos temas presentes nas atividades da Semana do Acolhimento. Os calouros deveriam fazer um pôster artístico no modelo lambe-lambe para ficar exposto na entrada da Vila dos Diretórios. O material deveria ser composto por palavras que os estudantes associam à diversidade. 

Para a professora Eliane Garcia, do Departamento de Artes &  Design, é uma maneira de os discentes deixarem uma marca na Universidade, e fazer este tipo de atividade no início da graduação é positivo pois, ao longo do tempo, quando voltarem a esse lugar, será possível perceber as mudanças e relembrar o início da trajetória. 

— É uma marca individual e ao mesmo tempo coletiva. Um material que quando eles passarem aqui vão perceber a passagem do tempo também. Poderão ver como essa inauguração do que eles estão colocando pode ser observada junto a outras intervenções que já estão aqui há algum tempo.

Os novos estudantes interessados em design de videogames puderam entender um pouco sobre a produção e desenvolvimento de um software na atividade Atariando Redux. Nela, os alunos produziram jogos digitais para o sistema Atari 2600. O professor Guilherme Xavier, do Departamento de Artes & Design, fez uma análise sobre a evolução da área no mercado de trabalho, com destaque para o desenvolvimento da tecnologia como um dos fatores mais importantes ao longo das décadas.

Professores Guilherme Xavier (à esquerda), do DAD, e Augusto Baffa, (de costas) do DI. Foto: Mateus Monte

– Houve uma evolução da área nos últimos anos, pois saímos de uma discussão mais técnica, voltada aos equipamentos, e agora focamos mais no lado social e humano, voltado para construção de habilidades e competências, seja para um jogo de treinamento ou de grande circulação.

Para fechar as atividades da Semana do Acolhimento, a diretora da Divisão de Bibliotecas e Documentação, Ana Ribeiro, ressaltou o papel da biblioteca como espaço de interação social dos alunos, além do numeroso acervo que pode ser encontrado.

Diretora da DBD, Ana Maria Gomes Ribeiro. Foto: Mateus Monte

– Nosso papel é contribuir, dar suporte em todos os sentidos. Não é um espaço apenas para achar o material necessário, é um lugar de convivência, de encontro e lazer. Nossa preocupação é que o aluno tenha conhecimento do espaço que ele tem. Assim, existe a Biblioteca Central, no terceiro andar da Ala Frings, com nosso acervo principal, e no segundo andar dela estão as bibliotecas setoriais.

Participaram desta cobertura: Angelo Ye, Carolina Bottino, Eduarda Farias e Letícia Guimarães

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