Desde 2008, o Museu de Favela (MUF), localizado nas comunidades Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, é palco de várias histórias, que têm como objetivo enaltecer as singularidades das favelas. A criação se deu através do exercício de manifestar o direito de todos os cidadãos à memória e ao patrimônio. Desde então o museu conta com parceiros como a PUC-Rio, por intermédio do Núcleo Interdisciplinar de Memória, Subjetividade e Cultura (Nimesc), que integra os departamentos de Psicologia e Artes e Design. Para Rita de Cássia Santos Pinto, moradora de Cantagalo e líder comunitária atuante, essa ligação é muito importante:
– O MUF tem construído grandes parcerias, que envolvem moradores, professores, artistas, pesquisadores, empresas, museus, além de universidades. Acho incríveis essas uniões, principalmente com faculdades. Os museus fazem com que as universidades tenham algum legado; que fiquem eternizadas.
Durante o encontro no dia 14 de dezembro, quarta-feira, foi apresentado o livro Museu de Favela: Histórias de Vida e Memória Social, das autoras Cintia Carvalho, Rita de Cássia Santos Pinto e Solange Jobim e Souza. A obra reúne histórias da vida de diversas pessoas dentro das comunidades Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, abordando suas superações, desafios e cotidiano. “A gente começa a perceber como é importante o reconhecimento de que pertencemos a aquele lugar”, afirma Rita de Cássia.
A professora do Departamento de Psicologia Solange Jobim e Souza, coordenadora do Nimesc, completa:
– Tentamos ao máximo transmitir a real emoção das histórias. Sendo assim, os convidados reviviam as memórias que, de certa forma, os representavam. Para eles, aquela história contada define quem eles são.
Nascida do interesse comum em valorizar à vontade em preservar memórias dos moradores do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho e contribuir para a formação de “escutadores e escutadoras de histórias”, a parceria entre o MUF e o Nimesc teve início em 2011. Tudo começou a partir do projeto Mulheres Guerreiras, o qual dá voz a histórias de luta e superação de mulheres das comunidades.
Quando se trata de assuntos pessoais e histórias de vida é muito difícil deixar a emoção à parte. As escutadoras e os escutadores, como as autoras chamam, tinham grande dificuldade em esconder seus sentimentos ao se depararem com as memórias. Contudo, segundo Cinta Carvalho, psicóloga e pesquisadora do Nimesc, “é necessário incluir a emoção para dar um ar de veracidade à história. É preciso realmente se entregar aos seus sentimentos”.