Imigração, um problema global
12/03/2019 17:10
Beatriz Puente

Filósofo e autor de livro debate soluções e o papel das instituições na crise migratória

Livro Citizens of Nowhere aborda a imigração na Europa.

O autor de “Citizens of Nowhere: How Europe can be saved from itself?” Niccolo Milanese, debateu, no dia 28, as questões imigratórias no mundo. Convidado pelo Departamento de Ciências Sociais e pelo Grupo de Pesquisa Direitos, Reconhecimento e Desigualdade (GEDRED-PPGCIS), Milanese também é filósofo e co-presidente da organização European Alternatives, que promove a democracia, a igualdade e a cultura.

Um dos principais pontos destacados pelo filósofo é a questão da identidade no meio cosmopolita. Ele argumenta que existem poucos ambientes propícios a troca cultural e a conexão de pessoas na Europa, como festivais artísticos, e que a União Europeia não inclui essas questões em seus princípios. Segundo Milanese, a falta de contato entre pessoas de origens diferentes dificulta o processo de aceitação dos imigrantes.

- A União Europeia é um lindo sonho, mas é excludente. Penso muito em Montesquieu, que fala de balancear e não erradicar. A Europa sempre foi preocupada com limites territoriais, é preciso criar espaços de colaboração porque a cultura é a resistência. A única forma de resolver a questão migratória, é com o povo se organizando dentro da Europa e fazendo conexões com cidadãos ativos de fora.

 O escritor chama a atenção para duas crises que sustentam o problema migratório no mundo: a econômica e a política. Para Milanese, a população se prende em valores políticos, o que incentiva o crescimento de uma extrema direita agressiva. Ele afirma que mesmo a população local sendo a favor de receber refugiados, as questões legais estão sob um poder violento.

- A população não acredita no sistema político de recepcionar imigrantes, que acabaram ficando no meio das crises política e econômica. Relativizar isso não é compatível com a gravidade de movimentos de uma direita violenta ganhando força. Uma parte significante da população europeia de cada país é a favor de receber imigrantes, por exemplo. O problema é que as nossas políticas são praticamente controladas por grupos de extrema direita que podem se posicionar de forma que se tronam uma força dominante.

Niccolo também ressalta que falta humanidade nos chefes de Estados ao lidar com os estrangeiros. Ele afirma que, não se trata de incentivar a gentileza da população e sim de uma necessidade de restruturação do sistema de recepção das pessoas de outros países.

- Quando alguém chega na fronteira podemos imaginar que as autoridades perguntam “ Quem é você? ”. Nós podemos escolher responder com violência ou dizendo “Bom, nós te recebemos para nos ajudar a criar essa nova comunidade. ”.

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