Aulas de iniciação ao audiovisual e à informática para jovens de comunidade entre 14 e 18 anos possibilitam entrada no mercado de trabalho

Em parceria com o Departamento de Comunicação Social, o Núcleo de Estudo e Ação Sobre o Menor (NEAM) promove o curso Jovens Profissionais das Mídias Digitais: iniciação ao Audiovisual e à Informática. Voltado para estudantes entre 14 e 18 anos que moram em comunidades, as aulas têm a proposta de capacitar jovens para o mercado de trabalho.  

O curso vai até fevereiro de 2020, com aulas de segunda a sexta, das 14h às 17h. Os 25 jovens matriculados recebem uniforme, alimentação e certificado de conclusão. Para participar, eles devem ser de escola pública, estudar no turno da manhã ou da noite e ter média escolar igual ou maior a sete.

Segundo coordenador do NEAM, Davison Coutinho, os alunos concluirão o curso aptos a exercer funções nas áreas de cinema, televisão e informática. De acordo com o coordenador, os estudantes terão conhecimento suficiente para trabalhar de forma autônoma.

- Eles poderão trabalhar como assistente de câmera, de edição de imagens, que é um mercado muito grande aqui no Rio de Janeiro. Preparamos os alunos para trabalharem por contra própria, já que eles podem filmar eventos na comunidade onde moram e atuar como fotógrafos. O objetivo é que, ao final, os aprendizados adquiridos gerem renda a esses participantes no futuro.

Ex-aluno do NEAM, Coutinho destaca que, além dos assuntos referentes à pauta do curso, os participantes também terão aulas de inglês, informática, além de reforço escolar dado por estudantes voluntários da PUC.

- Vivemos em uma sociedade com um nível de exigência de estudo que só a aula técnica não contempla tudo. Por isso, eles terão aulas de inglês, já que muito dos termos técnicos da área são nesse idioma. Também vão aprender informática, outra área que expande as possibilidades de trabalho. Eles terão reforço e acompanhamento escolar. Estamos formando jovens para o futuro e não podemos deixar a escola de lado.

Uma das grandes marcas do projeto, que é patrocinado pela Naturgy e Fundação Dia Solidário, é o contato dos adolescentes com o campus mesmo antes de ingressar na Universidade. Essa vivência, segundo o coordenador, é de suma importância para o crescimento dos jovens, que podem sonhar com a possibilidade de ser mais um dos alunos universitários.

- Como um jovem de 14, 15 anos teria contato tão cedo com a universidade? Essa relação deles com os alunos faz com que enxerguem que aquele estudante pode ser ele amanhã. O maior conhecimento para todos que estão aqui não é o curso, não é a minha aula, é a experiência dentro da Universidade, um lugar de muita sabedoria e de ensino.

Para Lucas Ferreira, de 18 anos, o curso vai ajudar a decidir a profissão que seguirá no futuro, além de possibilitar a oportunidade e o sonho de trabalhar em uma grande empresa.  

- Já pensei no curso de Ciências Sociais, mas também quero muito Jornalismo, e audiovisual envolve essa área. Entender a parte da comunicação social seria algo interessante. Quem sabe não poderemos trabalhar como estagiários na Globo, ou em outros jornais, até mesmo na PUC.

A aluna Joyce Ribeiro, de 16 anos, que assim como Lucas é moradora da Rocinha, é apaixonada por fotografia e escolheu o curso para ter certeza se essa é a área que pretende seguir carreira. Esta é a quinta vez que ela participa de atividades oferecidas pelo NEAM e, segundo ela, as aulas têm atendido às suas expectativas.

- Estou achando ótimo! Tive interesse na área e o curso tem sido tudo que eu esperava. Pretendo aprender a fotografar melhor, editar imagens e vídeos. Entrei pensando na área da fotografia, e acredito que as aulas me ajudarão a ter certeza se esse é o curso que quero.

Sobre o NEAM

Fundado em 1981, o Núcleo de Estudo e Ação Sobre o Menor transformou a vida de muitos jovens que passaram pelo projeto. Com Davison Coutinho, não foi diferente. Hoje coordenador do núcleo, ele conheceu o projeto em 2002, quando tinha apenas 12 anos.

- Comecei a participar de diversos cursos, fazendo o mesmo caminho que eles estão fazendo. Fiz graduação em Desenho Industrial, mestrado, e agora estou iniciando doutorado na área de design sobre a produção cultural das comunidades, que é onde eu moro, na Rocinha. Pela trajetória, pode-se ver como foi importante essa vivência dentro da Universidade. Fui o primeiro da família a ter um diploma universitário.

Segundo Coutinho, ao longo dos quase 38 anos de história, passaram pelo NEAM atuais funcionários e alunos da PUC, pessoas que descobriram a profissão graças às aulas ministradas e realizaram o sonho, até então distante, de um dia cursar uma faculdade.

- Apenas 5% das pessoas de comunidade chegam ao nível superior. Quase 70 funcionários da PUC foram alunos do NEAM. Temos ex-alunos nossos em Dubai dando aula de Jiu-jitsu, fazendo doutorado no Texas. Mais de 60 alunos fazendo graduação na PUC e em outras universidades, mais de 60 que já se formaram. Temos um grande número de pessoas que foram impactadas porque não conheciam a universidade.