Para valorizar e promover a integração entre a indústria e a academia, foi realizado no sábado, 14, o III Workshop de Aplicações de Polímeros e Surfactantes em Solução (Wapss). O encontro, ocorrido no Auditório Padre José de Anchieta, reuniu estudantes, pesquisadores e funcionários de diversas instituições, brasileiras e internacionais, para discutir o tema Desafios na Indústria do Petróleo: desde a exploração até a aplicação.
Organizado pelos laboratórios M&N Lab e Lasurf, coordenados respectivamente pelas professoras Ana Maria Percebom e Aurora Pérez Gramatges, do Departamento de Química, o workshop apresentou as circunstâncias e formas em que os surfactantes e polímeros são utilizados e auxiliam na indústria do petróleo. Segundo Ana, estes compostos são importantes desde o processo de extração até a aplicação de materiais derivados do óleo.
- Os surfactantes e polímeros são importantes não só para melhorar a recuperação e exploração, mas justamente para ter um controle melhor em situações que é preciso ter um cuidado com o meio ambiente, como no caso de um derrame, em que esses materiais são muito importantes na contenção. É importante lembrar que esse workshop é uma oportunidade muito grande de trazermos a integração da academia com a indústria e entre diferentes universidades e empresas também.
Considerada pelo Times Higher Education Latin America University Rankings 2019 a quarta melhor Universidade da América Latina, a PUC-Rio foi a primeira colocada no quesito parceira com a indústria. Com foco nisso, estiveram presente no Wapss representantes de diversas empresas relacionadas ao tema, como é o caso de Klaus Hermann, da ReoTerm Instrumentos Científicos, que definiu como proveitosa a interação com os pesquisadores.
- Nessa especialidade é muito utilizado o tipo de equipamento que trouxemos. É um reômetro (dispositivo de laboratório usado para medir a maneira pela qual um líquido, suspensão ou polpa flui em resposta às forças aplicadas), em que medimos características reológicas de substâncias, como os polímeros e os surfactantes. É um evento que aproveitamos, por haver uma concentração grande de especialistas, para mostrar as novidades e os equipamentos utilizados.
Durante a manhã, a Doutora Márcia C. Khalil, do Centro de Pesquisa da Petrobras (CENPES), explanou sobre as formas de utilização dos surfactantes na empresa e na indústria do petróleo. A professora Cláudia Mansur, da UFRJ, explicou a aplicação de polímeros na recuperação avançada do óleo e Philip Jaeger, da Universidade de Hamburgo, retratou a aplicação de surfactantes em pressões elevadas.
- Os surfactantes são moléculas que ajudam a misturar, por exemplo, água com óleo, duas substâncias que não se misturam. Então criamos moléculas, em que parte gosta do óleo, parte da água. O petróleo é uma substância oleosa, mas em sua produção precisamos, para retirá-lo, injetar água, e, nesse momento, pela presença dos surfactantes, formam-se misturas que podem dificultar sua exploração. Mas em outros, injetamos propositalmente o surfactante para ajudar a remover, por exemplo, o óleo da rocha para desgrudar – contou Ana.
No período da tarde, Doutor Hans-Michael Petri, diretor técnico da ReoTerm instrumentos, e Lucas Pedroni, do CENPES, também compartilharam os trabalhos desenvolvidos com os surfactantes e polímeros. Ao final do workshop, a professora Aurora Gramatges comandou uma mesa redonda com os convidados. Ela comentou que os polímeros são capazes de aumentar a eficiência de varrida de um reservatório de petróleo.
- Os polímeros são macromoléculas formadas por várias unidades repetidas estruturais, de compostos químicos e orgânicos. Eles são capazes de aumentar a viscosidade de um fluido e também conferir algumas propriedades diferentes enquanto a reologia, ou seja, as características de propriedades de escoamento em um meio poroso como pode ser um reservatório de petróleo. Fazem com que um fluido seja capaz de agredir todas as áreas do reservatório e, com isso, evitar a formação de caminhos preferenciais, aumentando o fator de recuperação.