Sinal que permanece por gerações
19/12/2019 16:07
Gabriela Azevedo

Diretor do Centro Loyla expõe coleção de presépios no Castelinho do Flamengo e conta a importância dos objetos para a Igreja e famílias

É possível visitar a exposição todos os dias da semana, no Castelinho do Flamengo. Foto: Amanda Dutra.

O Centro Cultural Municipal Oduvaldo Vianna Filho, o Castelinho do Flamengo, recebe de dezembro de 2019 a janeiro de 2020, uma exposição com 96 presépios. As peças, de diversos lugares do Brasil e do mundo, fazem parte do acervo do padre José Maria Fernandes, S.J. A atividade é organizada pelo Centro Loyola de Fé e Cultura PUC-Rio, que este ano, pela primeira vez, colabora com o Projeto Natal Cultural, da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.

Diretor do Centro Loyola, padre Fernandes é curador da exposição e conta que o hábito de colecionar presépios é uma tradição familiar. Ele relembra que a primeira peça que ganhou era de sua bisavó.

- Para minha família, o Natal tem que ter presépio. Isso passou da minha bisavó para a minha avó e dela para minha mãe. Eu e meus irmãos crescemos, e cada um continuou com a tradição. Passei a fazer os presépios em casa, para não ficar a cada ano na mesmice. As pessoas viram que eu gostava, e passei a ganhar as peças de presente em datas comemorativas. Só este ano, em dezembro, ganhei 17.

Padre Fernandes relata a tradição presente na sua família. Foto: Amanda Dutra.

Segundo padre Fernandes, a coleção expandiu durante os oito anos que passou na Itália, local com uma tradição muito grande de presépios. Por outro lado, amigos que moram em outros países começaram a mandar presépios de presente. Ele ressalta que no acervo há, aproximadamente, 600 presépios feitos de diferentes materiais.

- Não é o colecionador que faz a coleção, é a coleção que faz o colecionador. Uma das experiências que tive foi no norte de Minas Gerais, no Vale do Rio Jequitinhonha. Vi um senhor separando pedras, sentei perto dele e começamos a conversar. Perguntei o que ele estava fazendo, e ele disse que ia fazer um presépio. Tenho certeza que esse e alguns outros são únicos no mundo.

Presépio feito de pedra. Foto: Amanda Dutra

A ideia de expor o material veio de alguns amigos, afirma o diretor do Centro Loyola. A atividade já foi realizada no Solar Grandjean de Montigny - Museu Universitário PUC-Rio, em Belo Horizonte, Goiânia, São Paulo. Padre Fernandes destaca que a parceria entre o Centro Loyola e o Projeto Natal Cultural ocorreu por causa de um convite feito pela Secretaria Municipal de Cultura.

- Anteriormente, a exposição era particular, e o local variava de acordo com o convite que eu recebia. As peças são embaladas uma a uma. Em geral, cada presépio tem, no mínimo, três elementos, Jesus, Maria e José, mas alguns chegam a ter 30 peças. Também uso elementos como palha, galho seco e pedra para incrementar o cenário. Montamos essa exposição em três dias. Algumas incrementações, este ano, foram feitas com papel de seda amassado.

Padre Fernantes também comenta que, segundo alguns relatos deixados no livro de presença, a exposição relembra os visitantes de momentos que passaram em família.

- No início de dezembro, o Papa publicou uma exortação apostólica sobre o valor do presépio. O título da carta é: Admirável Sinal. Ele diz que famílias, entidades que expressam o sagrado e a fé, deveriam cultivar a tradição do presépio. A beleza dos presépios traz à lembrança dos tempos bons em família, na casa da avó. Como o Papa disse, o presépio é um sinal que permanece por gerações.

Um dos destaques da amostra é o presépio, feito de pele de rena, que retrata a cultura indígena canadense. Foto: Amanda Dutra.

A mostra está em cartaz no Centro Cultural Municipal Oduvaldo Vianna Filho - Castelinho do Flamengo, Praia do Flamengo, 158. A exposição ocorre entre os dias 10 a 22 de dezembro de 2019 e de 6 a 20 de janeiro de 2020. O horário de funcionamento é das 12h às 18h. Nos dias 19 e 20 de dezembro, às 15h, haverá duas sessões de contação de histórias natalinas, parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro e a Cátedra de Leitura.  A entrada é franca.

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