Cuidar e ter uma Terra para todos
30/09/2020 21:55
Juan Pablo Rey*

Clima e ensino foram os dois últimos temas do seminário Cinco Anos da Laudato Si’

O seminário Cinco Anos da Laudato Si ocorreu entre os dias 14 e 18 de setembro.

Os dois últimos dias do seminário Cinco Anos da Laudato Si’ trataram da questão climática e do ensino à luz da Encíclica do Papa Francisco. Durante os debates, promovidos pela Rede de Ambiente e Sustentabilidade da Associação de Universidades Confiadas à Companhia de Jesus na América Latina (RAS/AUSJAL), os acadêmicos alertaram para os danos provocados pela ação humana. Ao final do encontro, surgiu a proposta da criação de um indicador para observar como as universidades se comportam em relação ao documento elaborado pelo Pontífice.

Clima

O quarto dia abordou o aspecto climático da Encíclica do Papa Francisco. O tema A Cidade e Como Cuidar da Casa Comum, da mesa 9 do seminário, abriu o quarto dia de palestras. Participaram os professores Carlos Alfonso Devia, Javier Forero, José Maria Castillo, Liz Franchezca e Maria Adelaide Farah, da Pontifícia Universidade Javeriana (PUJ), na Colômbia.

O encontro abordou a influência do clima na vida cotidiana das pessoas e das cidades. O engenheiro e professor da PUJ Javier Forero explicou que a arquitetura bioclimática sustentável é cada vez mais necessária, e ajuda a reduzir o consumo de energia e água. Como exemplo, ele citou o Plano de Manejo Ecológico e Ambiental da PUJ, em Bogotá, que tem um programa voltado para a sustentabilidade no campus. Javier Forero lembrou que dentre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU estão cidades e comunidades sustentáveis e ações contra a mudança global do clima.

Na segunda mesa do dia, Nadiezdha Santodomingo, do Museu de História Natural de Londres, e Diego Gil-Agudelo, da Texas A&M Univesity, falaram sobre os impactos humanos no oceano. Gil-Agudelo lembrou que de 30% a 50% dos corais morreram nos últimos anos por causa do branqueamento, causado pela mudança do clima. Nadiezdha destacou que as pessoas dependem destes recifes de corais.

- É triste ver que os recifes estão aqui há 400 milhões de anos, e estamos vendo o desaparecimento deles como conhecemos atualmente. Mas é mais provável que os humanos desapareçam antes do que os corais. A natureza, de alguma forma, encontra uma maneira de sobreviver.

A última mesa da quinta-feira teve como tema as Mudanças Climáticas. O encontro teve mediação do diretor Jorge Elgegren e a participação do docente Ernesto Ráez, ambos da Escola Profissional de Economia e Gestão Ambiental da Universidade Antonio Ruiz de Montoya, no Peru. A teóloga e doutora em filosofia Birgit Weiler, professora associada do Departamento Acadêmico de Humanidades da mesma universidade, apontou a ecologia integral como um dos principais e mais importantes conceitos da Encíclica.

Segundo Birgit, o mundo é um eixo de relações que se caracterizam por interconexões, interdependências e inter-relações, e, por isso, o ser humano tem de ter a noção de que são todos irmãos e convivem juntos em uma casa comum, o planeta Terra. Birgit comentou que a pandemia colocou em manifesto o que o Papa Francisco disse muitas vezes: não é possível ter uma vida sã em uma Terra enferma, e completou que cuidar do clima é cuidar das possibilidades e condições de vida para todos.

 Ensino

O tema do último dia foi a dimensão do ensino da Laudato Si’. Na palestra, foi discutido o livro e workshop Healing Earth, que aborda ciência, ética e espiritualidade em seis capítulos: Biodiversidade, Recursos Naturais, Energia, Água, Alimentação e Mudança Climática Global. Estavam presentes os criadores da obra e professores da Universidade de Loyola, nos Estados Unidos, Michael Schuck e Nancy Tuchman, e o professor Luiz Felipe Guanaes, da PUC-Rio. A mediadora foi Maria Ibarrarán, da Unidad de Investigación y Apoyo Pedagógico (UIAP).

Na última mesa do seminário, o professor Jorge Elgregen, da Universidade Antonio Ruiz de Montoya, do Peru, elogiou a realização do seminário e sugeriu, a partir de um resumo das discussões realizadas, a criação de um indicador em torno da Laudato Si’.

- Sei que existe a ideia de um Observatório da Laudato Si’ pela Universidade Católica da Costa Rica, mas não se concretizou. Não pensei em um observatório, necessariamente, mas uma espécie de índice, um indicador ou um conjunto de indicadores, com todas as universidades, para avaliar como nossos países se desempenham em torno da Laudato Si’. Penso que podemos sair e formar um pequeno grupo de trabalho. São ideias muito audaciosas, mas podemos pensar nesta linha.

*Participaram da cobertura: Ana Moraes, Caroline Névoa, Esther Obriem, Emily Motta, Gustavo Magalhães, Heloiza Batista, João Gabriel Mancuso, Letícia Messias, Mariana Albuquerque, Nathalie Hanna, Núbia Trajano, Victor Meira

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