Ação para garantir a segurança alimentar de famílias
07/05/2021 15:48
Gabriel Meirelles

PUC-Rio lança iniciativa para beneficiar comunidades atingidas pela pandemia  

O Vice-Reitor Geral da PUC-Rio, padre Anderson Antonio Pedroso, S.J., acredita que a Universidade deve estar atenta à realidade social e que faz parte da identidade da instituição ajudar o povo carioca. Ele defende que esta solidariedade parte de uma relação entre iguais – não de uma hierarquia – e relembra o bom resultado da campanha liderada pelo Instituto Francisco, Bom Samaritano, que começou em 2020, e o modo como as doações chegam às pessoas. Os líderes comunitários de cada lugar fazem o mapeamento, apontam as pessoas que precisam e buscam os donativos com a lista dos cadastrados; a distribuição é feita de maneira justa, de acordo com as maiores necessidades e urgência.

Vice-Reitor da PUC-Rio, padre Anderson Antonio Pedroso, S.J. (Foto: Arquivo pessoal)

 - O Bom Samaritano começou por ação a partir de um grupo de leigos, o então Grupo Francisco, hoje, Instituto Francisco, que foi apoiado pela Pastoral Universitária da PUC-Rio, e, em seguida, pelo Departamento de Teologia.  Esta campanha teve um grande sucesso: já foram arrecadadas 10.320 cestas básicas, 62 mil produtos de higiene e limpeza e 116 toneladas de alimentos. Temos que quebrar essa dimensão vertical – alguém do alto ajudar quem está embaixo. Na verdade, existe uma relação horizontal. Nós somos seres humanos; estamos sensíveis às pessoas e nos reconhecemos também como parte deles. É uma lição que precisa ser repetida, relembrada - comenta.

O Vice-Reitor Comunitário, professor Augusto Sampaio, ressalta a importância da ajuda ao próximo como parte do pensamento social cristão da PUC-Rio. Segundo ele, a Universidade não pode dar as costas a um problema que atinge a todos, principalmente a população que vive marginalizada e mais sofre pelas condições de habitação e falta de recursos para comprar alimentos. O professor destacou a relação da PUC com a Rocinha, a união com coletivos da comunidade e a parceria inédita com as associações de moradores da Gávea e de São Conrado.

Vice-Reitor Comunitário, professor Augusto Sampaio (Foto: Amanda Dutra)

 - A Rocinha é uma extensão da PUC, é considerável o número de alunos, ex-alunos, funcionários e terceirizados que moram lá. Em termos de ajuda, é a comunidade que está mais próxima da Universidade. Não poderíamos ficar ausentes em uma campanha que visa exatamente à população mais atingida, que mais sofre. A PUC tem vários elos com a Rocinha, e uma das razões que nos dão garantias de que faremos um bom trabalho é que ela é feita com a comunidade por meio dos coletivos Tamo Junto Rocinha, Rocinha Resiste, Pré Vestibular Só Cria, e, pela primeira vez, temos a participação da AMA Gávea e da AMA São Conrado - observa.

Rocinha vista de cima (Foto: Rasmus Bang / Unsplash)

Conhecimento humanizado

O Diretor do Departamento de Ciências Sociais, professor Marcelo Burgos, considera que os coletivos envolvidos na campanha são fundamentais para realizar a distribuição dos alimentos e assegurar que as doações chegarão a quem realmente precisa. Ele destaca, ainda, a atuação de Frei Antônio Michels, OFM, da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, que apoiou e vai colaborar com a logística do Elo. Burgos acredita que o pilar da extensão da Universidade é fundamental na formação integral do estudante e que ética e moral se aprendem fora da sala de aula, não em uma disciplina. Ele projeta novas ideias para o futuro, pois pensa na necessidade de atender a Rocinha para além do problema atual da fome.

Diretor do Departamento de Ciências Sociais, professor Marcelo Burgos (Foto: Gabriela Callado)

- A extensão universitária é parte fundamental do processo de ensino e pesquisa. A ambição é de irmos muito além do atendimento circunstancial desta emergência. Pensamos em incrementar uma agenda de apoio às áreas de educação e assistência social. Temos no horizonte a possibilidade de avançar muito nas questões sanitárias e de saúde pública. Estamos vislumbrando a Rocinha como um grande desafio, um espaço onde a desigualdade urbana se manifesta de forma mais cruel. Não podemos ser indiferentes a isto, sem fugir da produção de conhecimento, que é o nosso ofício - salienta.

O Diretor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU), professor Otávio Leonídio, estuda como ampliar a ajuda circunstancial da campanha Elo em um vínculo permanente com a Rocinha. Para isso, sugere a pesquisa sobre a geografia da comunidade e como o DAU pode desenvolver projetos voltados para este recorte do bairro. Leonídio destaca a atuação do Vice-Reitor Comunitário para a realização da campanha Elo e ressalta a importância do envolvimento da Universidade em iniciativas solidárias.

Diretor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, professor Otávio Leonídio (Foto: Gabriela Azevedo)

 - Uma contribuição específica do Departamento de Arquitetura e Urbanismo pode ser ajudar a pensar questões espaciais e ambientais. Nesse sentido, queremos fazer desta iniciativa específica apenas o primeiro passo para uma extensa parceria de nosso departamento com os coletivos que integram o Elo. A Universidade, com tudo que ela dispõe e representa, tem muito a contribuir. Assim como todos os envolvidos nesta iniciativa, penso que o Elo quer se firmar como uma cooperação que vai muito além do contexto da pandemia: um elo duradouro, amplo, com muitos desdobramentos e instâncias - declara.

Assistente de coordenação do NEAM/PUC-Rio e líder do coletivo Tamo Junto Rocinha, Davison Coutinho descreve o papel das associações parceiras na campanha Elo. Sua equipe fez um levantamento das famílias que mais precisam dos recursos e desenvolveu com o Departamento de Artes & Design a identidade visual e o material de divulgação. O Tamo Junto será responsável por capilarizar as doações. Davison assegura que os alimentos serão comprados dentro da Rocinha a fim de ajudar também o comércio local e critica a ausência do Estado. Para ele, o problema da falta de alimentação deveria ser resolvido pelo governo, e a diminuição e o atraso do auxílio emergencial agravaram a fome e tornaram urgente a necessidade de campanhas como Gente é pra brilhar.

Davison Coutinho (Foto: Catarina Kreischer)

 - A fome não tem como esperar. Ela dói, e só quem já passou por isto sabe. Com a campanha, a gente vai conseguir garantir a segurança alimentar das famílias de uma forma mais efetiva, pelo menos por um período inicial de três meses. A importância do trabalho da PUC com a Rocinha vai além da entrega das cestas básicas. Ela dá voz a este território, que se sente completamente abraçado pela Universidade É uma via de mão dupla: os moradores são beneficiados, mas também a Universidade, porque está formando cada vez mais alunos não só com a excelência PUC, mas cidadãos com um pensamento crítico e mais humanizado - explica.

 

PARA CONTRIBUIR

Bom Samaritano - Instituto

Francisco:

PIX: 10.484.636/0001-00 (CNPJ)

ou Move Rio (Razão Social).

Banco Itaú, Agência 0726, Conta

Corrente 64794-4.

ELO:

Para doar por cartão de crédito ou

boleto bancário, clique aqui.

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