Soluções sustentáveis para uma cadeia mais produtiva
22/11/2021 17:43
Giovanna De Luca e Victória Reis

Representantes da indústria apresentam projetos de sucesso com o objetivo de preservar o meio ambiente

O primeiro debate foi mediado por Ricardo Largares, membro do Comitê Executivo da SDSN Brasil, que traçou um painel sobre a circularidade nas indústrias. Especialista em meio ambiente da ArcelorMittal – maior produtora de aço da América Latina – Leonardo Ribeiro foi o primeiro convidado a pautar a discussão. Ao longo da apresentação, ele refletiu sobre o papel do aço na Economia Circular e defendeu a priorização de insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis, como a liga metálica.

Ribeiro explicou que o aço tem um valor social muito alto e, por esta razão, os impactos ambientais deste material também são consideráveis. Ele afirmou que, à medida que a sociedade se urbaniza, o estoque per capto de aço aumenta – em 2018, 1,7 bilhões de toneladas de liga metálica foram usadas, enquanto isso, de acordo com as estatísticas, em 2050 esse número pode aumentar para 2,6 bilhões. Por conta disso, revelou, o propósito da ArcelorMittal é criar produtos mais socialmente responsáveis – atualmente são confeccionados aços com uma liberação de carbono inferior ao metal comum.

Enquanto Ribeiro refletiu sobre as indústrias circulares e a liga metálica, Raphaella Gomes, CEO da Raízen Geo Biogas, referência em bioenergia, biogás e bioeletricidade, palestrou sobre o futuro da indústria da energia no mundo. Para ela, a transição energética é fruto da economia circular e se manifesta como uma tomada de consciência sobre o atual modelo de produção, consumo e reaproveitamento da matéria e energia, e o país pode ser a potência dessa mudança.

– O Brasil tem um potencial enorme para ser um grande protagonista da transição energética. Nós temos um potencial de biomassa gigantesco, uma das maiores biodiversidades do mundo, bastante bioinovação, tecnologia agrícola e temos universidades no Brasil que são referências mundiais em agricultura.

Professor emérito da PUC-Rio, José D´Abreu, do Departamento de Engenharia Química e de Materiais, finalizou o primeiro painel afirmando que siderurgia e agropecuária são vocações brasileiras. Mas lembrou que nenhuma tecnologia ou inovação nasce pronta, ela precisa se desenvolver, logo, é necessário grupos pensantes que reflitam sobre a economia circular como um todo.

A segunda mesa de debates pontuou os projetos de sucesso da circularidade no território e foi mediada pelo membro do Comitê Executivo da SDSN Brasil, André Menezes. A primeira palestra foi do Diretor de Desenvolvimento de Negócio na Recicleiros, Erich Burguer, que apresentou a associação sem fins lucrativos e entidade ambientalista que tem como foco o aprimoramento de soluções para a reciclagem em parceria com os municípios.

Menezes destacou que 60% das cidades brasileiras ainda utilizam os lixões como depósitos de resíduos e apenas 4% do lixo é reciclado. Com isso em mente, a Recicleiros criou o projeto Recicleiros Cidades, que visa instituir soluções sustentáveis para reduzir os resíduos no meio ambiente.

- Nosso plano é atuar em 60 cidades nos 26 estados até dezembro de 2023. Com isso, seriam dez mil toneladas de reciclagem por mês, três milhões de pessoas com acesso à coleta seletiva e três mil postos diretos de trabalho. Em um planejamento de maior prazo, até 2028 seriam 460 mil toneladas de resíduos reciclados.

Em outro momento, o professor Juan Luis Bolaños Berruecos, da Universidade Iberoamericana Puebla, México, apresentou o projeto da Universidade para gerar um campus sustentável e o convênio com o município de San Andrés Cholula para a gestão sustentável dos resíduos sólidos.

Berruecos explicou que a Universidade Iberoamericana tem uma parceria, em conjunto com a Fundação Cristina Cortinas, por meio do Instituto de Pesquisa Ambiental (IIMA) e do Laboratório de Inovação Econômica Social, com o propósito de implementar uma economia circular comunitária.

- Visamos construir um modelo baseado nos princípios da economia circular, para promover um trabalho autônomo, a geração de novas fontes de trabalho no modelo de economia social para diferentes setores sociais a nível local, comunitário ou municipal.

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