Esperança para começar 2022
28/12/2021 20:05
Carolina Smolentzov e Vitória Barreto

Alunos e professores de diferentes cursos da Universidade se encontram no campus com o desejo de voltar ao dia a dia das salas de aula

Encontro organizado pelo CTC (Foto: Jorge Paulo Araujo) 

Alívio. Mesmo de máscara, era possível perceber esta expressão estampada no rosto de estudantes que no final do período participaram de uma série de atividades promovidas no campus por departamentos da Universidade. A ideia era trazer de volta um pouco para os pilotis do corpo discente da PUC-Rio, que deverá retornar no próximo semestre. Durante as reuniões, professores, alunos e funcionários expressaram sentimentos e desejos experimentados durante os dois anos de isolamento.

Em um encontro promovido pelo Centro Técnico-Científico (CTC), alunos que ingressaram na Universidade durante a pandemia tiveram a oportunidade de conhecer o campus pela primeira vez de forma oficial. A chuva intensa na Gávea não atrapalhou os calouros. Depois de um breve tour pela área do CTC no campus que frequentarão pelos próximos anos, eles observaram protótipos, robôs, peças mecânicas e asas de avião exibidas no Edifício Cardeal Leme. Conversaram com veteranos e colegas que costumavam ver apenas como uma tela preta nas salas virtuais do Zoom.

Em meio a sorrisos, risadas nervosas e olhares curiosos, alguns termos se repetiam muito: esperança, motivação e felicidade. Muitos ali nunca tinham pisado na Rua Marquês de São Vicente, mas já completavam um ano de estudos na Universidade. Em clima de confraternização, seis alunos do 2º período de Engenharia de Computação trocavam agradecimentos pela parceria durante o formato remoto. Segundo eles, foi graças a uma disciplina que cursaram juntos, na qual formavam grupos de trabalho e eram motivados a ligar as câmeras, que se tornaram amigos. Um deles, Gabriel Diogo Campanati, de 18 anos, contou que o grupo está ansioso para voltar aos estudos presenciais, já que todos eles se formaram no Ensino Médio e ingressaram na Universidade em meio à pandemia – o que tornou as experiências, de certa forma, limitadas.

- Acordar e ficar o dia inteiro em casa na frente do computador, tendo aula sem ver ninguém, é muito desmotivador para quem está começando a faculdade. Nós terminamos a escola assim, começamos a faculdade assim, então é muito difícil trocar de ambiente: parece que nada mudou. Apenas com as aulas presenciais, vendo os laboratórios, tendo contato com os amigos e fazendo novas amizades, vamos sentir que é um ambiente novo, que motiva a estudar e aprender – declarou Campanati.

Estudantes de Engenharia da Computação Felipe Lourenco Barcellos, Vivi Arruda Pereira e Gabriel Diogo Campanati. (Foto: Jorge Paulo Araujo)

O consenso, tanto para os calouros verdadeiros quanto para os calouros “só de campus”, é de que este é o momento ideal para a volta. Com o avanço da vacinação e melhora nos números da pandemia, estudantes de vários cursos concordam que a perspectiva é ficar de mãos dadas às boas e velhas medidas de segurança. Aluno do 4° período de Cinema Lucca Pires Gurgel do Amaral, de 19 anos, comentou que, mais do que álcool gel e máscaras, a preocupação é em recarregar as baterias sociais para um mundo pós-Zoom.

- Lidar com estes períodos de instabilidade foi o que mais prejudicou a aprendizagem, mas todo mundo se conectou e as pessoas estavam juntas. Esta aproximação, mesmo que tenha sido virtual, foi muito legal também. Aos poucos nós vamos nos adequando à questão sanitária, e hoje, eu estou muito mais seguro. Meu único medo é desta ressocialização com todos, e do que vai ser deste novo mundo. Parece que a  pandemia foi uma eternidade, o único resgate que tenho são das duas semanas presenciais que eu tive.

Para aqueles que conhecerão uma PUC pós-pandêmica, as expectativas também são altas. Muitos deles tiveram uma experiência de Ensino Médio ainda mais singular, porque em outubro deste ano algumas escolas do Rio de Janeiro passaram a adotar o modelo híbrido. João Marcos Vargas, de 18 anos, iniciará o curso de Economia em 2022, após um ano de vestibular incerto: atividades remotas, aulas tradicionais e uma formatura já presencial. Para ele, o isolamento social foi um momento de adaptação e dificuldades, mas também de descoberta das ambições acadêmicas e profissionais. O futuro calouro afirmou que só a universidade é capaz de oferecer determinadas experiências e, por isto, a esfera presencial é indispensável.

- Nem todo mundo consegue render bem em casa. Você acaba relaxando e procrastinando muito. Além da parte teórica, quero poder colocar isso em prática com dinâmicas e trabalhos, porque só aprender e reter conhecimento sem poder exercer não é muito funcional. A volta das aulas presenciais será algo estranho, mas não no mau sentido. Eu fiquei estes dois anos em casa, se o remoto foi algo novo, com certeza o presencial vai ser algo, no mínimo, diferente do que eu me acostumei.

Calouro de Economia João Marcos Vargas

Mesmo os veteranos, saudosos do campus, expressam animação por participar de novas experiências que sofreram o distanciamento durante a pandemia. Nicholas Amaral, por exemplo, estudante do 6º período de Engenharia Mecânica, se candidatou para guiar os calouros do CTC, pois tinha interesse em ajudar os alunos e faz parte do time Pegasus, FSAE PUC-Rio – responsável por construir carros de corrida nos moldes da fórmula SAE, – um dos projetos apresentados aos semi-novos puquianos.

 O veterano assinalou que a Universidade é importante não só no âmbito acadêmico mas também social e disse sentir falta dos projetos criados presencialmente com seu time. Além disso, revelou a importância de acolher os novos estudantes e indicar caminhos básicos que deverão ser trilhados durante o tempo que eles viverão no campus da PUC-Rio.  

– Eu tinha meus amigos aqui, minha equipe aqui. Agora estou mais animado, porque eu não ia para a Universidade só para estudar. E nesse momento de guia é importante saber onde estão os restaurantes, os bancos, a DAR e todos os processos burocráticos da Universidade. 

Organização para a volta

A PUC-Rio também entende a importância de preparar com cuidado a volta de todos ao campus. Deserta há dois anos, a Universidade lentamente reintegra alunos, professores e funcionários. Durante o encontro com os estudantes, a coordenadora do Ciclo Básico do CTC, professora Débora Mondaine, expressou o porquê da necessidade de uma reintrodução dos "velhos calouros" à Universidade.

Professore Débora Mondaine, Coordenadora do Ciclo Básico do CTC (Foto: Jorge Paulo Araujo)

– Finalmente a Universidade está pronta para reabrir de fato as portas dela, não somente para funcionários, mas também para alunos. Estamos muito confiantes que em março possamos reabrir com segurança, e entendemos que precisávamos mostrar para esses alunos o que era o nosso campus. Eles não são calouros de verdade, nós brincamos, chamamos de “calouros velhos”, mas alguns alunos já estão há quatro semestres. Sentíamos que precisávamos passar por este processo de pertencer à PUC, fazer parte desta família.

O Departamento de Comunicação organizou na última semana de novembro encontros ou reencontros, entre professores e alunos no bosque da Universidade. Reunidos no Anfiteatro Junito Brandão para um bate-papo professores e estudantes revelaram angústia e esperança, enquanto a instituição se prepara física e emocionalmente para o novo normal. Calouros que brevemente ou nunca sentiram o gosto dos pilotis conversaram animados com os velhos-novos amigos do Zoom, professores, coordenadores. Com máscara e álcool gel, tiraram fotos com os respectivos celulares para registrar o momento. Emocionado, o professor Sérgio Mota expressou que a organização de um encontro como este é fundamental para que todos comecem a ter outras perspectivas após a pandemia.

Encontro entre alunos de Comunicação

- Muito bom ver que vocês não são William Bonner ou Renatas Vasconcellos, que vocês têm perna. É muito angustiante ver apenas um quadrado. Materializar a possibilidade do retorno, da volta, é importantíssimo. É como se fosse um luto às avessas. Precisa materializar e concretizar tudo aquilo que ficou para trás, vai passar, já passou, já está passado.

Outros departamentos como Serviço Social, Administração, Artes & Design e Biologia também organizaram ações na mesma época. Mostraram aos alunos o ambiente presencial, os laboratórios muito presentes na formação do corpo discente. 

Calouros (2020.1) de Design no LAB MET (Laboratório de Materiais e Experimentos Têxteis) Calouros (2020.1) de Design no LAB MET (Laboratório de Materiais e Experimentos Têxteis)

O Departamento de Artes e Design, por exemplo, recebeu os calouros de 2020 no dia 06 de dezembro. Foram exibidos os vídeos finais de todas as turmas desta disciplina que também foram transmitidas online. Depois, os alunos fizeram um tour pelos laboratórios de ensino do Departamento: O Laboratório de Modelos e Protótipos (LAMP), o Laboratório de Experimentos Gráficos (PRELO), o Laboratório de Imagem e Som (LIS), o Laboratório de Animação e Ilustração, (LAI) e o Laboratório de Materiais e Experimentos Têxteis (LAB MET).

Já a reunião organizada pelo Departamento de Biologia teve professores, coordenadores e técnicos que se juntaram aos alunos para apresentar um pouco da vida universitária. No próximo ano, o departamento vai estrear a nova casa, o prédio Luiz Cyrillo Fernandes, que foi inaugurado no dia 14 de dezembro. Coordenadora da atividade, a professora Jakeline Prata ressaltou a importância da integração dos calouros ao ambiente social, tanto para os alunos como para os professores. Segundo ela, aqueles que exercem o ministério gostam de estar com os estudantes de forma presencial. Mas, além disso, ela mencionou também o valor dos calouros com uma área de interesse acadêmico específico, como ocorre normalmente ao longo do curso – mas que, durante o período remoto, ficou restrito.  

Alunos, professores, coordenadores e técnicos em frente do novo prédio do Departamento de Biologia

- Os nossos técnicos de laboratório e a secretária, a distância, não têm muito contato com os alunos, que, nos primeiros períodos do curso de biologia, teriam muito contato com os calouros. Os estudantes estão correndo atrás, sempre pedindo aos técnicos para resolver as coisas, eles têm um papel muito importante. Nós fizemos questão de reunir toda a equipe de professores e técnicos para receber os alunos.

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