Local para diálogo com os jovens
06/07/2022 17:16
Carolina Smolentzov, Luanna Lino, Maria Fernanda Firpo e Victória Reis

TMJ Rocinha celebra nova sala de leitura com apoio da FIOCRUZ

Sede do coletivo Tamo Junto Rocina (Foto: Luanna Lino)

O Tamo Junto Rocinha inaugurou, no dia 6 de julho, a Sala de Leitura Elizia Pirozi, o espaço Padre Thierry Linard e lançou o Almanaque “TMJ Rocinha para Brincar”, na Travessa Campo Esperança, no Valão da Rocinha. O projeto recebeu apoio da FIOCRUZ para realizar essas ações que permitiram a abertura do espaço que servirá de sede para o coletivo. O local é conhecido por ser uma área de carência muito grande e que não tinha presença de nenhum projeto comunitário.

A casa de três andares estava desocupada e, atualmente, tem como principal objetivo resgatar o processo de aprendizado que foi perdido durante a pandemia. O Tamo Junto Rocinha é um coletivo criado em 2014 por representantes da comunidade em parceria com alunos e funcionários da PUC-Rio. Ele atua na organização de ações humanitárias e promove trabalhos sociais na Rocinha com o apoio de voluntários. Na inauguração, estava presente a filha da educadora Elizia Pirozi, Adriana Pirozi, que se mostrou grata pela homenagem à mãe.

O coordenador do projeto e funcionário da PUC-Rio, Davison Coutinho, afirmou que a ideia do Almanaque veio de uma preocupação com a defasagem escolar das crianças, que ficaram muito tempo sem aprender por conta da pandemia. Segundo ele, atualmente, 70 crianças frequentam o local que oferece aula de apoio escolar, oficinas de design e sala de leitura com serviço de empréstimos de livros. O espaço também terá um pequeno laboratório de programação, que está em construção, para ensinar a tecnologia do futuro.

Para o coordenador, é muito simbólico e estratégico que o projeto esteja localizado no Valão da Rocinha, uma área com muita população onde faltam projetos para as crianças. Antes de ser a sede do TMJ Rocinha, o lugar já era ocupado pela PUC-Rio por meio do projeto UNICOM, além de ser um espaço histórico por conta do Padre Thierry, um jesuíta que teve grande importância para a comunidade. Já a Sala de Leitura Elizia Pirozi é uma homenagem à educadora e importante líder comunitária que dedicou a vida inteira à educação na Rocinha. Segundo Davison, a professora foi uma das responsáveis por abrir o espaço da PUC no local.

– É uma pessoa que se dedicou muito à educação das nossas crianças então, por isso, a gente escolheu o nome dela para homenagear com grafite lindo que foi feito por uma artista local.

De acordo com ele, a recepção dos moradores e das crianças foi surpreendente desde o início.  Em outros espaços criados, era necessário fazer inscrições e captar crianças, algo que não foi preciso fazer neste projeto. Apesar de terem crianças matriculadas, há sempre a presença de novos alunos, pois Davison não quer deixar ninguém de fora.

– É uma casa que eles encontram depois da escola para poder ter acesso à educação, e acho que para a gente é um papel muito importante trazer a PUC nesse papel de extensão universitária de trabalhar esse conhecimento e os saberes tanto da Universidade quanto da comunidade. Então, está sendo um espaço de troca muito bom trazendo alunos da graduação, professores da graduação e da pós-graduação e a própria comunidade.

Davison destacou que a comunidade encontrou no local um espaço no qual as crianças têm acesso não só à leitura, mas também a um lugar para poder complementar a escola. Assim, cada vez mais jovens podem se desenvolver através da educação.

Davison Coutinho e Andrea Paiva (Foto: Luanna Lino)

A assistente social da Vice-Reitoria Comunitária, professora Andréa Paiva, representou o Vice-Reitor Comunitário, professor Augusto Sampaio. Durante a inauguração, ela relembrou a memória do padre Thierry, que atuou por 20 anos na PUC-Rio e consolidou projetos sociais junto à comunidade da Rocinha. Andrea definiu, ainda, a Vice-Reitoria Comunitária como um espaço do diálogo e da construção.

- A pandemia veio e deu essa bagunçada geral, mas de alguma maneira também nos juntou, porque alunos, moradores e funcionários da PUC que aqui estão levaram para nós a urgência da segurança alimentar e da vacinação. Todo mundo começou a se movimentar, mesmo estando isolados, e começamos a descobrir a possibilidade de conexão para além da questão física. Tudo isso ainda na pandemia. A comunidade que sabe definir as prioridades e é uma alegria imensa ter essa realidade.

A estudante do 5° período de pedagogia na PUC-Rio Ana Vitória Sousa é voluntária do projeto há cinco meses e contou que, a princípio, buscou o projeto como atividade complementar para a faculdade e para dar aulas para adultos. Para ela, a postura das crianças - como agressividade e forma de comunicação - é o aspecto que mais faz diferença para elas. Segundo a universitária, os conhecimentos adquiridos em sala de aula fazem toda a diferença na hora de lidar com alunos em diferentes níveis educacionais e planejar as aulas.

Ana Vitória Sousa e Ilana Guilland (Foto: Luanna Lino)

Designer e pesquisadora formada pela PUC-Rio, Ilana Guilland é coordenadora de design do TMJ. Ela afirmou que a elaboração do almanaque foi coletiva e começou como uma curadoria de conteúdo, personalidades e manifestações culturais da Rocinha - para valorizar aquilo que faz parte do território. Como pesquisadora, ela sentiu a necessidade de ver o cotidiano das periferias representadas nas escolas.

- Minha inspiração tem muito a ver com o meu próprio ponto de vista. Não sou moradora da Rocinha, mas também sou cria de favela. Mesmo antes de o almanaque ser lançado, as pessoas que estão ligadas à educação destas crianças falavam sobre o quanto é importante esse reconhecimento. A educação é muito desconectada dos interesses das pessoas das comunidades e periferias. Nossa expectativa é que as crianças possam se reconhecer como personagens da história do almanaque, e que, a partir da conexão do repertório cultural do cotidiano com os conteúdos escolares, possamos facilitar o processo de aprendizagem.

 

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