Período eleitoral em análise
24/08/2022 17:58
Henrique Silva

Cientista político Jairo Nicolau debate as eleições de 2022 na Aula Inaugural do Departamento de Ciências Sociais

O professor e pesquisador da Escola de Ciências Sociais (FGV/CPDOC), Jairo Nicolau, ministrou a Aula Inaugural do Departamento de Ciências Sociais. Com o tema "Eleições 2022: o longo caminho até outubro”, a palestra contou com a mediação do professor do departamento Antonio Carlos Alkmim. O cenário eleitoral brasileiro e os seus principais atores foram analisados, com base em números e percepções, por mais de duas horas de encontro. Elementos como a defesa da democracia também fizeram parte da discussão.

Nicolau é autor de obras que reúnem mais de 20 anos de estudos sobre partidos, eleições e sistemas eleitorais. Ele possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestrado e doutorado em Ciência Política (Ciência Política e Sociologia) pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP). O cientista político é pós-doutor na Universidade de Oxford (2004-2005) e no King 's Brazil Institute (2017-2018).

O palestrante explicou o porquê da escolha do título “um longo caminho até outubro”, uma vez que faltam cerca de 45 dias para a eleição. Segundo ele, o processo eleitoral foi antecipado de maneira inédita na história  do Brasil. Em parte por causa do excesso de pesquisas de intenção de votos — que levaram ao esvaziamento precoce de candidaturas — ou na insegurança democrática protagonizada pelo atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). Ainda de acordo com Nicolau, a necessidade de combater o Presidente fez com que o sistema brasileiro se assemelhasse ao modelo norte-americano (recheado de prévias e convenções partidárias).

— Confesso meu lado otimista com relação às instituições eleitorais do Brasil, mas, em certos momentos, não acreditava que teríamos eleições. Parecia que estávamos mais perto de uma cultura original de um golpe, com as ameaças institucionais permanentes, durante esses últimos três anos e meio de governo. É necessário pensar como chegamos até aqui e, depois, como eu vejo a conjuntura política atual - pontuou.

Jairo Nicolau. Foto: Henrique Silva

Nicolau refletiu sobre as causas e consequências do Bolsonarismo no país, desde 2018 até os dias atuais. Ele afirmou que não é possível enxergar o candidato à reeleição pelos mesmos olhos do último pleito. Filiado ao Partido Liberal (PL), que reúne a maior bancada da Câmara dos Deputados, e aliado ao “centrão” — que, para o pesquisador, virou um “direitão” —, Bolsonaro terá estruturas muito superiores em verbas de campanha e tempo de televisão. A ausência de lideranças no espectro da direita e a provável melhora da economia, até outubro, foram apontados pelo pesquisador como fatores que podem levar a um crescimento expressivo da candidatura de Bolsonaro.

O cientista político estabeleceu Luiz Inácio Lula da Silva como favorito, mas reiterou que não será uma eleição fácil. Ele observou o entusiasmo do candidato do PT ao falar do passado e um certo desânimo ao tratar os assuntos do futuro. Com isso, ele teme que a agenda do presidenciável não sobreviva durante todo o período eleitoral. Nicolau discorreu, ainda, sobre as principais características dos eleitores de cada um dos líderes: Lula lidera entre as mulheres e os mais pobres, Bolsonaro domina entre os evangélicos e a classe média. Além disso, ele disse que os eleitores de Ciro Gomes — terceiro colocado nas pesquisas — compõem um perfil diversificado e não migrariam integralmente para Lula, em um eventual segundo turno.

A aula inaugural do Departamento de Ciências Sociais está disponível na íntegra na plataforma ECOA. Para acessar, clique aqui.

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