Pluralidade na passarela
16/11/2022 18:40
Fernando Annunziata e Luzi Alves

O desfile de moda da 16ª Semana de Design foi marcado pela criatividade e diversidade

Estilista, no centro, exibe modelos de roupa. Foto: Kathleen Chelles

No primeiro Desfile de Moda pós-isolamento social, a diversidade marcou presença nas passarelas dos pilotis do Edifício da Amizade. O espetáculo, que fez parte da 16ª Semana de Design e ocorreu no dia 10 de novembro, foi produzido por alunos e organizado pela supervisora do curso de Design de Moda, professora Isabel Martins Moreira, e pela professora Luiza Marcier. A festa exibiu 52 modelos de roupas e celebrou a volta ao presencial, uma vez que o projeto foi realizado de forma virtual por meio de animações durante o distanciamento social.

Segundo a professora Isabel Martins, é altamente representativo poder retornar com esta atividade ao campus, sobretudo ao pensar que muitos estudantes nunca tinham presenciado um desfile antes. Nesta edição, três alunos do Instituto AEIOU participaram como modelos. De acordo com a supervisora do curso de Design de Moda, a participação delas serviu para marcar a diversidade da moda - a ONG realiza uma série de ações voltadas a pessoas com deficiências especiais.   

— Não é um desfile de um biotipo só. Assim, todo mundo que assiste pode se sentir, de alguma forma, representado.

 

supervisora do curso de Design de Moda, professora Isabel Martins. Foto: Kathleen Chelles

Para a supervisora de moda do Escritório Modelo de Design (EMoD), professora Luiza Marcier, a festividade é uma celebração de arte e coletividade e é essencial para que os alunos do curso de Design compartilhem a sua visão sobre o mundo. A organizadora do desfile também afirmou que a moda é um veículo de transformação e pluralidade e é muito significativo abrir esses caminhos de novas possibilidades dentro da Universidade.

— É importante abrir esse espaço de expressão para que possamos entender os lugares que os alunos estão olhando e as maneiras como eles percebem os assuntos. No desfile, foi possível ver uma variedade de temáticas e corpos. É legal ver que os nossos estilistas não se pautaram em corpos padrões da passarela de moda convencional, mas sim nas corporalidades múltiplas e plurais.

 

professora Luiza Marcier. Foto: Kathleen Chelles

Futuro na passarela

Estudante do 10º período de Design de Moda, Lourdes Maria Barros disse  entusiasmada que o desfile foi um momento de descoberta pessoal. A futura estilista afirmou que assistir ao próprio trabalho exposto ao público é uma realização de uma meta que criou quando entrou na Universidade.

— Me sinto feliz e nervosa. É o primeiro projeto meu que vai para uma passarela, para as pessoas assistirem. É um desejo que tenho desde que entrei na PUC, em 2018, e sempre fiquei muito animada para participar. Só vim a conhecer o projeto depois que entrei no curso, mas alguns alunos já sabiam o que queriam antes de ingressar na Universidade e se sentiram motivados a seguir em frente com a ideia de fazer Design de Moda. 

Lourdes Maria Barroso, no centro, exibe seus modelos na passarela.Foto: Kathleen Chelles

Lourdes comentou a escolha do próprio tema, definido como “erótico”. A estudante navegou na relação entre sexualidade, vulgaridade e nudez, e disse que a produção foi uma descoberta pessoal e profissional. Ela observou que o desfile é um plus para o portfólio e importante para o desenvolvimento da criatividade do aluno.

— O meu tema do projeto, intitulado “O erótico”, foi fruto de muita pesquisa. Estudei como a gente se relaciona com a nossa sexualidade, sem expor a nudez. Por isto, minhas roupas cobrem todo o corpo. Produzir roupas para o desfile é uma experiência que o aluno descobre muito sobre si mesmo. Sem dúvidas vai complementar meu portfólio profissional, tanto na questão da criatividade, quanto na questão do tema que, por ser um assunto que desenvolvi afetividade e curiosidade, pretendo seguir na carreira acadêmica.

Sofia Franco, estudante do 10º período de Design de Moda, disse que é um grande sucesso ver projetos pessoais serem expostos para um público diverso. Ela começou a se dedicar ao processo de criação no início deste ano e explicou que com o tema “O formato da água” procurou explorar uma série de sentimentos. 

— Me sinto muito feliz em ver uma criação minha assistida por tantas pessoas. É um projeto longo, que comecei a pensar já no começo do ano para conseguir produzir da melhor maneira. Meu tema,  “O formato da água”, que resgata a questão da infância e da memória familiar. Por isto, meus modelos de roupa buscaram formatos redondos e tecidos que remetem à infância. A escolha do tema foi natural,  comecei vendo a água e, depois, criei conexões que fizeram sentido para mim. 

Sofia Franco, no centro, exibe seus modelos cujo tema foi O formato da água. Foto: Kathleen Chelles

A aspirante a estilista diz que o projeto é uma maneira de expor a criatividade dos alunos do curso. Sofia afirmou que pretende seguir carreira profissional no Brasil, pois considera o país aberto a novas ideias.

— O desfile serviu para as pessoas conseguirem ver meu trabalho, e quero seguir essa área como profissional, e, talvez, na área acadêmica. Sinto uma firmeza desta profissão no Brasil, pois estamos abertos a muitas oportunidades e ideias. É possível ver um processo criativo muito rico no nosso país. Vou levar meu trabalho para fora apenas caso surja uma oportunidade grande.

Ana Luiza Lima é outra futura profissional que se encantou ao ver as roupas  exibidas em uma passarela. Ela lembrou do intenso processo para desenvolver o tema, chamado de “Filhos da diáspora”, cujo objetivo é criticar a pressão social que as pessoas negras sofrem na sociedade.

— Foi muito complexo, pois tivemos pouco tempo para fazer a coleção inteira. Era muita pesquisa, ler vários artigos para, só depois, começar a pensar em como fazer um modelo de roupa. Mas no final é muito bom o resultado.  “Filhos da diáspora”  fala do desconforto que as pessoas negras sentem na sociedade. Por isto, as roupas representam “o aprisionado” e têm uma silhueta mais quadrada e apertada.

Ana Luiza Lima, no centro, desfila com seus modelos na passarela. Foto: Kathleen Chelles

A estudante comentou que o apoio do DAD e dos professores é fundamental para incentivar os alunos a participarem do projeto. Após esta experiência, ela sente que a vontade de expor os trabalhos com sua assinatura aumentou.

— Antes mesmo de a gente se inscrever, os professores já estavam procurando nosso nome para a gente participar. Isto dá vontade de querer fazer mais e fornece confiança para mostrarmos nosso trabalho. Agora, quero apresentar tudo para o mercado e mostrar as minhas criações de alguma forma.

Encanto do público

Este foi o primeiro desfile que a universitária Amanda Downy, do 8º período do curso de psicologia, assistiu na Universidade. Muito entusiasmada com o espetáculo, ela disse que ficou deslumbrada com o suporte que o Departamento de Design ofereceu aos alunos de moda.

— Eu gostei muito, achei super bem feito. Fiquei bastante surpresa ao ver as roupas e as críticas sociais que os estilistas fizeram por meio delas.

A experiência foi semelhante para a psicóloga Cristiane Paiva, que esteve na Universidade para tietar a filha, que participou do desfile.  Ela afirmou que ficou feliz ao ver que a PUC-Rio valoriza os projetos dos estudantes e espera que, cada vez mais, exista este tipo de atividade no campus.

Estilistas - Desfile semana design 2022 de PUC Urgente

Desfile de moda da 16ª Semana de Design

Mais Recentes
Alunos terão desconto em moradia universitária
PUC-Rio fechou parceria com Uliving, maior rede deste tipo de serviço no país
Intercâmbio de dados sobre territórios populares
PUC-Rio e Instituto Pereira Passos assinam termo de cooperação
Impactos da automação
As tecnologias digitais e a nova economia do conhecimento