Reconhecimento e visibilidade
22/11/2022 17:00
Fernando Annunziata, Giulia Matos e Rafael Serfaty

Pesquisadores da pós-graduação da PUC-Rio recebem certificados na terceira edição do Lançamento dos e-books e Prêmio CTCH de Teses

Padre Anderson Pedroso S.J., José Ricardo Bergmann, Julio Diniz e Monah Winograd. Foto: Kathleen Chelles

A terceira edição do Lançamento dos e-books e Prêmio CTCH de Teses ocorreu na sexta-feira, 18 de novembro, em cerimônia no Auditório do Decanato do Centro Técnico Científico da PUC-Rio. No encontro, foram exaltados os trabalhos de pós-graduandos de diferentes setores da Universidade, como os departamentos de Arquitetura e Urbanismo, Artes & Design, Educação, Letras, Filosofia, Psicologia e Teologia. O Reitor da PUC-Rio, Padre Anderson Antonio Pedroso, S.J., o Vice-Reitor Acadêmico, José Ricardo Bergmann, e a coordenadora do projeto, professora Monah Winograd, estiveram presentes e participaram da entrega de certificados a cada pesquisador. 

O jesuíta afirmou que toda tese é um ato intelectual de grande profundidade, um  posicionamento pessoal, e que, consequentemente, implica uma marca na própria instituição. Segundo o Reitor, uma instituição que produz doutores, pesquisas, demonstra, não só que sua vivacidade está presente, mas também faz um gesto político em um país desigual, no qual nem todos possuem as mesmas oportunidades.

— Uma Universidade que produz pensamento é uma universidade que faz um gesto político forte, no melhor sentido da política, que não é partidário. Político de pólis e de construção da convivência. Espero que vocês, os premiados, sintam também, esse, não peso, mas essa responsabilidade. Eu acho uma graça de Deus poder realizar um gesto tão forte, tão bonito, realizar a si mesmo, e ajudar a Universidade a se realizar em um país em que, infelizmente, nós ainda não temos igualdade em tantas dimensões, especialmente na educação.

Padre Anderson enfatizou que a realização, com brilhantismo, destas teses, de uma missão intelectual, resgata um sentimento de esperança. A recompensa com os certificados, os títulos, é um resultado de um gesto culto profundo, que impacta na vida dos indivíduos, reflete na Universidade, que convoca luta para que mais pessoas ocupem esta posição e tenham esta experiência. 

— Uma Universidade, que alcançou grande sucesso com as pesquisas de pós-graduação, também precisa se voltar para medidas inovativas. Um compromisso, um pacto social maior para retomar o papel mais consistente na política educacional e em busca de justiça humanitária no país. Vocês, premiados, fazem parte deste momento importante. 

O Vice-Reitor Acadêmico, José Ricardo Bergmann, definiu este tipo de cerimônia como um momento muito especial para a pós-graduação, especialmente a do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH). Segundo ele, reflete o reconhecimento dos colegas pelo trabalho produzido nos diversos programas. Bergmann apontou que o processo envolve muitas pessoas, como o orientador e os demais professores do programa. Para ele, é um trabalho coletivo.

Padre Anderson Pedroso S.J. e José Ricardo Bergmann. Foto: Kathleen Chelles

A Coordenadora Setorial da Pós-graduação CTCH, Monah Winograd, contou que o prêmio foi criado em 2017 com o objetivo de dar reconhecimento e visibilidade às melhores teses de doutorado defendidas em um determinado período. De acordo com ela, os critérios de premiação consideram a originalidade dos trabalhos, além da  relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação. 

Cada programa pode selecionar internamente os trabalhos que serão avaliados por um grupo de professores. A edição de 2022 apresenta as teses escolhidas nos três últimos anos, e marca o retorno ao presencial, após a solenidade de 2021 ser suspensa por causa da pandemia. Para Monah, este ano significa uma dupla comemoração.

— Celebramos poder se reencontrar, poder retomar a premiação e, ao mesmo tempo, o aumento de nota de vários programas, a excelente avaliação que tivemos pela CAPES. É um momento de muita alegria, muita festa. 

Professora Monah Winograd discursa na terceira edição do Lançamento dos e-books e Prêmio CTCH de Teses. Foto: Kathleen Chelles

Integrante da Pós-Graduação do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Joana Martins Pereira foi uma das doutorandas premiadas durante a solenidade. A jovem se destacou pela tese Urbe Ludens: Jogos, práticas lúdicas e participação urbana, na qual ela aborda a utilização de jogos como ferramenta de projeto ou de participação em temas relacionados à cidade.

— A pesquisa foi sobre a exploração de como os jogos podem contribuir para um diálogo, e como instrumento de processos participativos, em um público de pessoas não especializadas. Para realizá-la, houve todo um processo de pesquisa bibliográfica, produção de textos teóricos, e o desenvolvimento de dois jogos com participação de crianças da Gamboa e da Rocinha. De certa maneira, funcionou como um projeto de extensão ao ter estas atividades extensionistas dentro do projeto.

Carlos Guilherme Mace Altmayer também foi um dos ganhadores do Prêmio CTCH. Ele representou o Departamento de Artes & Design da Universidade e recebeu a gratificação pela pesquisa Tropicuir: estético-políticas transviadas - memória, arquivo, design. O doutor em Design pela PUC-Rio e professor na UERJ afirmou que discorre sobre a década de 2010 no Rio de Janeiro, com relação às artes e às dissidências sexuais e de gênero neste período.

— O intuito era analisar de que forma se conformaram redes de apoio e de fortalecimento desses movimentos e coletivos a partir das artes e do design. Isto em um espaço de dez anos no qual ocorreu uma explosão de movimentos queer e de dissidência de gênero e sexualidade. Meu processo de pesquisa foi muito pautado pelas ruas, com as manifestações em 2013 e o que se desdobrou a partir deste episódio. E em relação à Universidade, como um centro possível de articulação destas memórias e pessoas, que atua no campo a partir de centros, espaços independentes de arte, nos quais existia um local de liberdade para essas expressões ocorrerem. 

O pesquisador enfatizou o quão alegre estava com o reconhecimento de seu trabalho e declarou como é simbólico para a PUC-Rio garantir espaço de liberdade para um projeto como este, que já teria sido censurado em outras instâncias de diferentes maneiras.

— Encontrar na Universidade um lugar que acolha de forma aberta e sincera uma pesquisa como esta, é muito reconfortante. Me deixa verdadeiramente muito feliz. 

A historiadora Etyelle Pinheiro de Araújo celebrou o prêmio do Departamento de Letras, pois disse que é uma maneira de ampliar vozes na sociedade. Ela pesquisou sobre narrativas e resistência de mães contra a violência policial, e buscou expor a injustiça sofrida por pessoas na sociedade, em especial por conta do racismo e da necropolítica.

— Meu tema foi “Cada luto, uma luta: narrativas e resistência de mães contra a violência policial”. A tese prioriza observar como se dá essa produção da resistência, a falta de investigação por parte do judiciário, e como os familiares se engajam na luta por justiça para provar a imunidade dos filhos e atestar o direito à vida deles, além de punir os criminosos responsáveis por isto. A pesquisa também buscou entender como, depois de sofrer um trauma tão grande, ainda é possível uma pessoa passar pelo sofrimento do luto e se engajar na luta por justiça. Entrei nesta luta porque sou uma militante apoiadora do movimento.

Etyelle Pinheiro de Araujo celebra sua tese de doutorado. Foto: Kathleen Chelles

A pesquisadora complementou que o objetivo do projeto é reforçar o local de fala dessas mulheres na sociedade. Ela comenta ainda que o papel do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da PUC-Rio (PPGEL) é estreitar a relação entre comunidade científica e comunidade geral.

— O meu objetivo é ampliar as vozes, porque estas mulheres já têm voz. Mas não são ouvidas, pois a sociedade tapa os ouvidos. Portanto, minha pesquisa amplia a visibilidade em outros canais acadêmicos, inclusive por meio de palestras no Zoom, por exemplo. Também tive a oportunidade de ir para o exterior e mostrar meu trabalho lá. A gente [do PPGEL] busca pesquisas que dialoguem com temas da sociedade para que o trabalho colabore com soluções sociais. Na nossa área, as pesquisas buscam trazer a comunidade científica para a comunidade geral. 

Pesquisas premiadas

Ao todo, oitos teses dos programas de pós-graduação dos departamentos de Arquitetura e Urbanismo, Artes & Design, Educação, Letras, Filosofia, Psicologia e Teologia foram premiadas. São elas: 

Urbe Ludens: Jogos, práticas lúdicas e participação urbana por Joana Martins Pereira (PPGARQ); Tropicuir: estético-políticas transviadas - memória, arquivo, design  por Carlos Guilherme Mace Altmayer (PPGDSG); Conhecimentos curriculares e visões de docência na formação de professores para as escolas de tempo integral: em foco os cursos de especialização em educação integral por Luisa Figueiredo do Amaral de Silva (PPGEDU); Cada luto, uma luta: narrativas e resistência de mães contra a violência policial por Etyelle Pinheiro de Araújo (PPGEL); As flores da poesia na terra do saber: uma teoria do poema em Walter Benjamin por Rafael Zacca Fernandes (PPGFIL); Da narrativa de fundação à fundação da narrativa: Leitura histórico-ficcional sobre a origem de uma cidade colonial com nome indígena por Luiz Henrique de Nadal (PPGLCC); DISFORIA DE GÊNERO: Cartografias da psicopatologia sexual contemporânea por William de Araujo Rezende (PPGPSI) ; A Glória de Jesus na Transfiguração e sua contribuição para a formação da Cristologia Lucana: Uma Análise Redacional de Lc 9,28-36 por Leonardo dos Santos Silveira (PPGTEO).

Joana Martins Pereira comemora sua certificação. Foto: Kathleen Chelles

Mais Recentes
Alunos terão desconto em moradia universitária
PUC-Rio fechou parceria com Uliving, maior rede deste tipo de serviço no país
Intercâmbio de dados sobre territórios populares
PUC-Rio e Instituto Pereira Passos assinam termo de cooperação
Impactos da automação
As tecnologias digitais e a nova economia do conhecimento