Memória afetiva pelas plantas
13/12/2022 15:52
Fernando Annunziata e Luzi Alves

A exposição “O encanto do Natal através das plantas”  chama atenção para a cegueira botânica e curiosidades de plantas natalinas

Exposição aborda sobre a história e curiosidade de diversas espécies, inclusive a canela: Foto: Kathleen Chelles

Para celebrar o período natalino, o Departamento de Biologia inaugurou no dia 1º  de dezembro a exposição “O encanto do Natal através das plantas”, no Herbário Friburguense, no Edifício Luiz Cyrillo Fernandes. Idealizado pelos professores Rejan Guedes-Bruni, Mariana Reis de Brito e João Paulo Condack, do Departamento de Biologia, a mostra, que ocorre até 27 de janeiro de 2023, reúne curiosidades e histórias de mais de dez espécies típicas das celebrações de fim de ano. No local, alguns exemplares estão disponíveis para o público, como a canela e o romã.

A professora Rejan Guedes-Bruni explica que a iniciativa levanta o debate sobre o fenômeno da “cegueira botânica”, definida como a incapacidade de perceber a importância das plantas no ambiente. Ela complementa que aproveitou a época do Natal para destacar o papel de espécies presentes na celebração na vida das pessoas.

– Uma das razões para que a gente fizesse essa exposição é ir ao encontro de um fenômeno que a gente tem observado, chamado de cegueira botânica. As pessoas não se dão conta do quanto a sua vida depende dos recursos vegetais. Em tudo, desde o colírio que pingamos para pressão ocular, até o assoalho que a gente pisa, ou de alimentos que talvez sejam os recursos vegetais mais fáceis de a gente identificar, como o arroz, feijão e alface. O objetivo foi trazer, na perspectiva natalina, o quanto esta celebração é impregnada pela presença vegetal. Talvez a gente pense sempre no pinheiro, espécie que representa a árvore de Natal. Mas quantas outras coisas estão vinculadas na nossa memória afetiva? 

professora Rejan Guedes-Bruni, uma das organizadoras da exposição. Foto: Kathleen Chelles

Rejan diz ainda que o campus da PUC-Rio é um ambiente que auxilia na formação curricular dos alunos. Segundo ela, há uma riqueza de espécies de plantas por todo o campus, e cabe aos alunos e docentes desenvolverem uma perspectiva que valorize este elemento.

- Nosso campus oferece uma identidade visual muito arbórea, com sombras e árvores. Olhamos para as encostas e vemos o Parque Nacional da Tijuca. É um  mundo vegetal que está muito próximo da gente. O que pretendemos é apurar um  olhar mais atento para que seja capaz de trazer a singularidade das plantas e as curiosidades que elas têm.

Universo Arbóreo 

No local, é possível conhecer algumas curiosidades e histórias de espécies típicas do Natal. Amostras físicas do romã, da canela, de nozes e do bico-de-papagaio estão disponíveis.

Pinheiro: utilizado tradicionalmente como árvore de Natal, o pinheiro é originário da Ásia e da Europa e pode chegar a até 40 metros de altura. A difusão do uso da planta no período natalino é muito atribuída à monarquia britânica, quando uma fotografia da família real junto à árvore foi publicada na revista Illustrated London News, no Natal de 1846. 

Bico-de-papagaio: também conhecida como poinsétia, a planta de origem mexicana passou a ser associada ao Natal a partir do século XVII, quando frades franciscanos passaram a utilizá-la em procissões de fim de ano devido a  semelhança com a Estrela de Belém. Com isso, as flores começaram a ser atribuídas ao nascimento de Jesus, o que a tornou objeto de decoração de casas e igrejas.

Nozes: cresce especialmente em áreas temperadas e tem usos medicinais e alimentícios. As frutas secas, como as nozes, passaram a ser associadas à época porque dão frutos no começo do inverno na Europa e na Ásia. A clássica peça do Quebra-Nozes, lançada em 1881, contribuiu para a popularização do costume.

Canela: nativa da Índia e Sri Lanka, a canela era usada para preparar incensos, óleos sagrados em rituais, remédios e perfumes. Ela é um dos principais ingredientes da ceia de Natal, sobretudo nas sobremesas como a típica rabanada.

Romã: espécie arbustiva, nativa da Ásia Ocidental e da região do Mediterrâneo, cultivada no Egito e na Palestina desde tempos imemoriais. Segundo as leis judaicas, as romãs dispõem de 613 sementes, o mesmo número de leis que Deus determinou para Israel. De acordo com a tradição dos judeus, a fruta também simboliza a esperança de um ano novo melhor.

Exemplar do romã presente na exposição. Foto: Kathleen Chelles

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