O charme e a elegância do mandarim
03/05/2023 15:39
Angelo Ye e Sophia Marques

Instituto Confucius PUC-Rio recebe consulesa-geral da China nos pilotis para celebrar Dia Internacional da Língua Chinesa

Elementos da cultura chinesa expostos durante a cerimônia. Foto: Caio Matheus

O Instituto Confucius PUC-Rio realizou no dia 19 de abril, nos pilotis da Ala Frings, uma cerimônia em homenagem ao “International Chinese Language Day” (Dia Internacional da Língua Chinesa), data oficialmente estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2010. A comemoração teve como objetivo celebrar o ensino da língua chinesa no Brasil e ao redor do mundo. 

Houve diversas apresentações que mostraram ao público presente um pouco da cultura do país, como dança, luta, culinária, aulas de caligrafia e exibição de vídeos com explicações de termos milenares do idioma. Um desses vídeos era sobre o Guyu, um dos 24 termos solares chineses que é interpretado como uma lição de desapego. Vestidos com trajes e leques que remontam à China dos tempos imperiais, brasileiros e nativos chineses subiram ao palco, montado no local, para interpretar danças tradicionais. Em seguida, houve uma apresentação de kung fu e, ainda, uma demonstração de como o chá chinês deve ser servido.

Estiveram presentes na feira a consulesa-geral da China, Tian Min, o Vice-Reitor Geral da PUC-Rio, Padre André Luís Araújo, S.J., o diretor do Instituto Confucius e professor do Departamento de Letras, Leonardo Bérenger, além de empresários, autoridades governamentais da China, professores e alunos, tanto chineses, como brasileiros. O encontro foi resultado de uma parceria em conjunto com o Centro Cultural RioMont e contou com o apoio do Consulado Geral da China no Rio.

Convidados da cerimônia. Ao centro, a consulesa-geral da China, ao lado do Vice-Reitor Geral da Universidade. Foto: Antônio Albuquerque

Para tornar os discursos da comemoração compreensíveis tanto para falantes de chinês, quanto para os de português, os convidados da mesa resolveram fazer um discurso conjunto nas duas línguas. Para isso, usaram um texto que, primeiro era lido em mandarim, para depois ser traduzido para o português. O professor Leonardo Bérenger foi o primeiro a falar. Ele destacou o fato de a língua chinesa ser a única língua antiga que é falada até os dias de hoje e ser usada por um quinto da população mundial. 

Segundo ele, o idioma é falado há mais de 3.500 anos e já passou por várias reformas. No ano de 2010, a ONU estabeleceu o dia 20 de abril para celebrar a língua, já que a data marca o início do Guyu (chuva de grãos), um dos 24 termos solares criados na China antiga para orientar as atividades agrícolas de acordo com a posição do sol no círculo do zodíaco. Bérenger também frisou a importância da comemoração para o Brasil e a China. Para ele, essa aproximação vai além do campo cultural e se desdobra em outras relações. 

— Acho que (comemoração) tem uma importância capital, uma importância bastante significativa, no sentido de que o dia do idioma mandarim comemorado no dia de hoje, simboliza uma aproximação cultural e ela se desdobra numa aproximação econômica, numa intenção conjunta Brasil-China, de crescimento, de desenvolvimento social, de apoio econômico-estratégico.

Apresentação de kung fu. Reprodução TV PUC

O Instituto Confucius da PUC-Rio tem como objetivo o ensino da língua e da cultura chinesa na Universidade e no Rio de Janeiro. Foi estabelecido em 2011, como resultado da parceria entre a PUC-Rio e a Universidade de Hebei, na China, e faz parte da rede de Institutos Confucius presente em todo o mundo. O nome do Instituto é uma homenagem ao maior pensador chinês de todos os tempos, o filósofo Confucius (552 a.C - 489 a.C.). Entre as atividades desenvolvidas pelo Instituto estão cursos de mandarim, divulgação da cultura chinesa, encontros  artísticos, intercâmbio acadêmico entre professores pesquisadores e alunos, além da mediação de negócios firmados entre os dois países

Assim como o professor Leonardo, o Vice-Reitor Geral destacou a necessidade das relações entre os dois países, que devem ir além da cultura. Ele também disse que a recente visita do presidente Lula ao país asiático comprova a relevância desta nação para a política externa brasileira. Por último, Padre André Luís pontuou que o acordo bilateral pode trazer benefícios na área da educação, saúde e políticas públicas para as duas nações.  

— Para nós é muito importante porque a PUC é uma das poucas universidades que têm a oportunidade de ter um Instituto como este fazendo uma parceria que não é simplesmente a língua, é também uma questão estratégica e cultural. A China tem cada vez mais uma preponderância mundial. A visita do presidente ao país, por exemplo, comprova isso. Porque a cultura não é simplesmente a arte e a língua, mas é o modo como as pessoas se relacionam e se fazem também cidadãos do seu lugar e do mundo. Estamos falando de educação, de saúde, de políticas públicas, e tudo isso é acionado quando temos acordos assim; isso facilita muito, principalmente quando vemos a importância que a China e o Brasil têm no cenário internacional.

Vice-Reitor Geral discursa ao lado da consulesa-geral da China. Foto: Antônio Albuquerque

Padre André Luís ressaltou a importância da data destinada à língua chinesa e também a presença e atuação do Instituto Confucius na PUC-Rio como divulgador desta cultura e língua na Universidade e na cidade do Rio de Janeiro. Ele lembrou que o trabalho feito pelo Instituto facilita os intercâmbios culturais entre as duas nações. 

Li Zhijun, representante da CNOOC (petrolífera chinesa instalada no Brasil e  uma das patrocinadoras do Instituto Confucius e da cerimônia)  também esteve presente no encontro. O senhor Li transmitiu a mensagem do presidente da empresa, em que ele expressava calorosas boas-vindas a todos. O representante da CNOOC falou sobre o convênio de dois anos para cursos de funcionários da petrolífera com o Instituto, no qual é desenvolvido uma imersão na língua chinesa com a finalidade de inserir os profissionais no mercado de trabalho chinês. O oposto também ocorre: funcionários chineses têm aulas de português pelos mesmos motivos. No fim de seu pronunciamento, ele desejou que todos os presentes apreciassem o charme e a elegância da língua materna.

Após ritual milenar, chá é servido no encontro. Reprodução TV PUC

A consulesa-geral da República Popular da China, senhora Tian Min, iniciou sua fala chamando atenção para o fato de a maioria dos convidados serem brasileiros. Por isso, observou, ela decidiu se expressar em português. Mian ficou feliz em participar pela primeira vez do encontro desde a chegada ao Rio de Janeiro como consulesa-geral. Ela reforçou a importância econômica e política do país asiático para o Brasil e para o resto do mundo. A diplomata parabenizou os alunos que estão se dedicando ao aprendizado do mandarim e aos professores que se dedicam ao ensino do idioma. Para ela, a língua é uma ponte e um instrumento importante nesta troca.

—  A língua chinesa é uma língua muito antiga e é usada pela maior  população do mundo. Agora estamos vendo cada vez mais, não só brasileiros, mas estrangeiros com o desejo e a necessidade de aprender o idioma. Acho que este desejo nasce da vontade de conhecer nosso país e como ele pode alcançar êxitos na área econômica, no comércio e no desenvolvimento socioeconômico. A língua é uma ponte que serve para facilitar a comunicação e o intercâmbio, portanto, ela é um instrumento muito importante. Muitos alunos no Brasil estão interessados em conhecer a China e  temos muito prazer em ver professores brasileiros ensinando-a aqui, no Brasil.

Interpretação de dança tradicional do país asiático. Reprodução TV PUC

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