Sucesso Coletivo
19/01/2016 14:24
Cintia Ferrão e Nathalia Duarte / Foto: Catarse

Uma prática cada vez mais comum entre produtores iniciantes, o crowdfunding se afirma como um caminho para a concretização de projetos

Imagem: Catarse

Artistas, músicos, diretores e produtores potenciais lutam diariamente para, além de produzir um bom material artístico, conseguir patrocinadores para a divulgação do serviço e o possível sucesso dele. Há cinco anos, todo esse esforço ficava por conta do dono do projeto. Hoje, com poucos cliques e a ajuda de desconhecidos, qualquer pessoa pode tornar o sonho realidade: é o crowdfunding.

O serviço de financiamento coletivo de projetos ou indivíduos funciona da seguinte maneira: o idealizador apresenta a proposta em uma plataforma on-line junto ao valor necessário para torná-lo real. Pessoas interessadas no projeto doam a quantidade que podem. Caso não se atinja o valor necessário, as doações são devolvidas aos que contribuíram.

O termo crowdfunding vem da junção das palavras crowd (multidão) e funding (financiamento). O conceito, no entanto, não é novidade. No século XVII, alguns livros eram publicados por meio do financiamento coletivo. Outro exemplo famoso é a Estátua da Liberdade, em Nova Iorque, dado aos americanos com dinheiro arrecadado pelo povo francês.

A popularidade do crowdfunding nos dias atuais se justifica, pois qualquer pessoa pode oferecer uma ideia na internet e atrair interessados. Isso demonstra a tendência do mercado, que são os nichos. Com o advento da internet, mais pessoas puderam usufruir desse meio para tornar os sonhos em realidade. É o caso do advogado Áthila Mattei, 30 anos, que usou a plataforma para que seu projeto de web série chamado Protocolo 43. A história relata um grupo de pessoas que foge para uma área isolada, na Serra do Rio do Rastro, Santa Catarina, para evitar a contaminação dos grandes centros. -

 É uma forma de você ter um projeto legal em mente, poder compartilhar a ideia com o mundo e ter um retorno positivo em relação a isso. O melhor de tudo é que qualquer projeto é válido, desde obras literárias, filmes, jogos, esporte, ciência etc – explica.

No Brasil, o sistema ainda é novo e pouco conhecido. O site Catarse.me, um dos principais do país, já movimentou mais de R$ 34 milhões em quase dois mil projetos. Outro gigante do meio é o Queremos!, destinado somente à realização de shows.

Os fãs se mobilizam no site e nas redes sociais com o objetivo de trazer um artista para a cidade/país. Com isso, pessoas ainda não tão populares apresentam shows nas principais cidades do Brasil. Foi o caso da cantora dinamarquesa Karen Marie Ørsted, conhecida como MØ. A página brasileira da cantora reúne em torno de 3.600 fãs que, unidos, conseguiram a meta de venda de pelo menos 300 ingressos para que a vinda da cantora se concretizasse. Com isso, no mês de maio deste ano, MØ fez shows no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. Como a própria cantora disse em um dos shows, isso torna a experiência mais especial e pessoal.

No cenário brasileiro, graças ao financiamento coletivo em outro site, o Catarse, a banda Raimundos conseguiu, em 60 dias, mais de R$ 123 mil, o dobro dos iniciais R$ 55 mil pedidos pela banda para produzir o oitavo CD do grupo. O álbum, intitulado Cantigas de Roda, foi lançado graças a ajuda dos fãs, e os que contribuíram ganharam desde o download antecipado das músicas, para o plano mais básico de doação, até CD autografado, camiseta e vinil, além de ingresso com direito ao camarim da banda para qualquer show. Ao todo, 1.699 apoiadores decidiram doar dinheiro para a gravação do álbum.

Além da área musical, o sistema atua nos mais diversos campos, como artes, música, jogos, literatura, cultura, esportes, start up, entre outros. Para produtores que estão em começo de carreira, a iniciativa é ótima para a divulgação dos trabalhos, mesmo quando o objetivo não é alcançado. Criador do projeto Escolhidos, o cinegrafista Josué Santos, 23 anos, conta que, motivado pela experiência de um amigo, decidiu inserir o projeto no site. A web série, que tem como principal objetivo incentivar a reflexão dos atos de cada ser humano, não conseguiu alcançar o valor necessário para a realização. -

 Foi ótimo pôr o meu projeto no Catarse. Fui motivado pela experiência de um amigo que colocou o projeto dele e conseguiu alcançar a meta, achei uma boa ideia e coloquei o meu. Infelizmente, a crise econômica se tornou desculpa para as empresas não doarem. Mas aprendemos com nosso erro e tentaremos de novo futuramente – afirma Josué.

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