Projeto surgiu porque muitos funcionários da Universidade tinham o desejo de cursar uma faculdade, mas encontravam muitas barreiras para realizar esse sonho

Dar uma oportunidade para ingressar no Ensino Superior. Com essa proposta, surgiu o Pré-Vestibular Comunitário da PUC-Rio, destinado para pessoas que não têm condições financeiras de pagar um curso preparatório. Para o projeto, o balanço das atividades é animador: em cinco anos, cerca de 300 estudantes já passaram pelo Pré-Vestibular Comunitário, e 50% destes conseguiram ser aprovados para universidades como UFRJ, UFF, Uerj e PUC-Rio. O projeto, que atualmente atende 75 alunos e conta com cerca de 60 professores e monitores voluntários, colhe frutos cada vez melhores: em 2015, a ex-aluna Joelma Diamantina passou em 1º lugar em Serviço Social na Uerj.

Fundado em 2011 pela Pastoral Universitária Anchieta, o projeto surgiu a partir da observação de que muitos funcionários contratados e terceirizados da Universidade tinham o desejo de cursar uma faculdade, mas encontravam muitas barreiras para realizar esse sonho – afastados do ambiente escolar há muitos anos, tinham dificuldade de passar no vestibular.

O coordenador do projeto, Leandro Ferreira Assis, enfatiza a importância da parceria com os departamentos e Vice-Reitorias da Universidade para que o Pré-Vestibular continue a ser bem-sucedido. A ajuda financeira oferecida aos alunos, como pagamento das inscrições dos vestibulares, de ingressos para programas culturais e auxílio transporte, por exemplo, vêm diretamente desse apoio.

Assis explica que, para manter os alunos motivados, a coordenação oferece atendimento individual e orientação psicopedagógica, além das monitorias fora do horário de estudos, que atuam como um plantão de dúvidas individual, 30 minutos antes ou depois do jantar – que é oferecido pelo bandejão, de graça, aos alunos e voluntários todos os dias. Para ele, a perseverança nos estudos também depende do sentimento de pertencimento ao universo da PUC, algo a que o projeto também está atento.

O coordenador relata ainda que este ano, por exemplo, os alunos receberam uma carteirinha de identificação para o uso da biblioteca, e agora podem usufruir dos mesmos direitos que qualquer outro aluno da PUC.

- O intuito é trazer os alunos para realidade da Universidade. Essas carteirinhas ajudaram eles a se sentirem integrados ao ambiente da PUC. Isso reduziu bastante o problema de evasão. Antes, as turmas começavam cheias, mas muitos alunos, na metade do ano, desistiam, desmotivados – disse.

Assis relata que professores, monitores e alunos passaram a assinar um contrato, que oficializa o compromisso com o projeto, além de torná-lo mais legítimo burocraticamente dentro da Universidade. Aliado a um controle diário de faltas, esse contrato ajuda a coordenação a administrar a assiduidade do aluno, fator essencial para o sucesso do Pré-Vestibular.

O projeto tem como objetivo, também, auxiliar na formação de professores, e oferece certificado de estágio docente a partir da experiência adquirida nas aulas. A heterogeneidade das turmas é algo que força os professores e monitores a adaptarem a didática, afirma Rodrigo Oliveira, professor de Filosofia do projeto e aluno de graduação de Filosofia da Universidade.

- A composição do grupo de alunos é de todas as idades. Essas pessoas chegam com suas experiências de vida prévias, e é preciso saber lidar com isso, com atenção e paciência. No caso da Filosofia, disciplina que esteve ausente por décadas dos currículos da educação básica e do Ensino Médio, é preciso desmistificar e quebrar a resistência, ou mesmo preconceitos, dos alunos que nunca entraram em contato com ela. Mas o resultado global tem sido bastante positivo – explicou.

Para Oliveira, a disciplina acabou por virar uma ferramenta para os alunos refletirem as trajetórias de vida e entenderem mais como o mundo funciona. Ele conta que muitos alunos demonstram interesse em prestar o vestibular para Filosofia.

A aposta, daqui para a frente, é a interdisciplinaridade. Durante a XXII Semana de Meio Ambiente PUC Rio, no início de junho, os alunos assistiram a um aulão sobre sustentabilidade, que contou com a presença do Reitor, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J. De acordo com Assis, isso foi importante, também, para apresentar aos alunos os valores ambientais da Universidade.