Cátedra Unesco de Leitura lança selos de qualidade e excelência
10/01/2017 20:37
Raul Pimentel

Cátedra 10 classificou livros de literatura infantil e juvenil. Lygia Bojunga foi hors concours pelo livro Intramuros.

Para comemorar seus 10 anos de existência, a Cátedra Unesco de Leitura inaugurou em 2016 o selo Cátedra 10, seleção de qualidade e de excelência de títulos de literatura infantil e juvenil. O Grupo de Estudo de Literatura Infantil e Juvenil (Gelij), criado em 2014 para trabalhar com leitura crítica de livros do gênero, foi o responsável pela classificação. Surgiram daí os selos Seleção e Distinção. O primeiro é destinado a livros de reconhecida qualidade literária. O segundo, o Distinção Cátedra, mais exclusivo, foi dado a 10 obras para apontar sua excelência no mercado da literatura infantil e juvenil. O livro Intramuros, de Lygia Bojunga, recebeu o selo Hors Concours, prêmio máximo concedido pela Cátedra.

Autores, professores e representantes de editoras participaram da cerimônia de premiação da Cátedra 10, lotando o auditório do Decanato do Centro Técnico-Científico (CTC) da PUC-Rio na quinta-feira, 15 de dezembro. No ambiente bem iluminado e decorado com cores fortes, o clima era de celebração.

Benita Prieto, Francisco Camêlo e Ana Paula Oliveira. Foto: Fernanda Szuster

Francisco Camêlo, membro do Gelij, ressaltou o perfil interdisciplinar do grupo, composto por profissionais da área de letras, artes e biblioteconomia, e comentou sobre os critérios que pautaram a classificação das obras:

– A criação do selo não busca somente premiar os livros, mas também reconhecer a importância da relação entre a palavra e a imagem, um dos critérios muito valorizados na nossa classificação. O grupo não premiou obras por categorias ou faixas etárias, mas fez uma seleção que contempla gêneros e temas diversos, como correspondência, biografia, poesia. Outro aspecto foi a questão das múltiplas possibilidades que os textos podem oferecer, acolhendo o olhar da criança e acolhendo o olhar do adulto. 

Segundo Benita Prieto, também integrante do grupo, esses critérios não são cristalizados, mas vão melhorando ao longo do percurso de estudos e debates do grupo. Nesse sentido, ela também comentou sobre a relação que os pesquisadores têm com a literatura:

– Para nós, a literatura infantil e juvenil não tem barreiras. Ela é incrível. E quando nos dedicamos a algo assim, nos aproximamos muito da criança que fomos um dia e também das crianças que estão no nosso entorno.

Designer gráfica e mestre em Design pela PUC-Rio, Ana Paula Oliveira, também integrante da Gelij, explicou melhor sobre o olhar que os pesquisadores tiveram ao fazer a classificação especificamente na área de imagem.

– Não se deu destaque nem ao texto nem as ilustrações, se teve um olhar ao projeto do livro como um todo. A materialidade do livro foi olhada e foi pensada a interação que poderia se ter com esse objeto. Olhamos para o formato, para a experiência tátil que o objeto desperta.

Os selos Cátedra 10 se preocupou também em dar credibilidade para os ilustradores das capas e das artes em geral. Como explicou Ana Paula, a ilustração foi ganhando importância e força com a consolidação do gênero de literatura infantil e juvenil e com desenvolvimentos técnicos.

– Ela deixou de ser coadjuvante no livro para ocupar um lugar, ter uma fala, desempenhar um papel. É muito difícil entender hoje em dia onde começa o texto e onde começa a ilustração. Esse duplo papel entre o autor do texto e do ilustrador é muito importante.

Muitos representantes de editoras e autores se pronunciaram agradecendo a premiação. Márcia Leite, representante da editora Pulo do Gato, que teve cinco obras premiadas na cerimônia, afirmou também ter sido surpreendida com a notícia dos prêmios. Depois de agradecer, comentou também do difícil momento de crise econômica que o país vive.

– Vendo tantas editoras e profissionais do livro em dificuldades, pequenas editoras fechando suas portas, profissionais de excelência precisando atuar em mercados diferentes. Acredito que vocês da Cátedra deram um grande refresco, um alívio, um estímulo para que a gente prossiga.

O presidente da AEILIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil) Alexandre de Castro Gomes, autor do Livro Que Lê Gente, premiado com o selo Distinção:

– Esse tipo de evento é muito importante e a Aeilij sempre os valorizou. Digo isso porque a literatura infanto-juvenil hoje, embora eu ache que ela está acima da adulta, pelo menos no Brasil, ela não é tratada com distinção. Poder ter essa alegria emociona a todos nós.

Abaixo, a lista das obras premiadas em cada selo. Além de lançamentos de 2016, há novas edições de textos já conhecidos, como é o caso de Macunaíma, de Mário de Andrade, e O lagarto, de José Saramago. Mais detalhes sobre os livros premiados clicando nas fotos de suas capas no site oficial da Biblioteca de Leitura e Literatura Infantil e Juvenil.

Livro premiado HORS-CONCOURS:

  1. Intramuros, de Lygia Bojunga (Editora Casa Lygia Bojunga, 2016)

Livros Premiados DISTINÇÃO CÁTEDRA:

  1. A casa e o mundo lá fora: cartas de Paulo Freire para Nathercinha, de Nathercia Lacerda (Editora Zit)
  2. As cores dos pássaros, de Lúcia Hiratsuka (Editora Rovelle)
  3. Uma criança única, de Guojing (Editora Vergara & Ribas Editora)
  4. Um dia, um rio, de Leo Cunha (Editora Pulo do Gato)
  5. Frritt-Flacc, de Jules Verne (Editora StoryMax)
  6. João, Joãozinho, Joãozito o menino encantado, de Claudio Fragata (Editora Galerinha Record)
  7. O livro que lê gente, de Alexandre de Castro Gomes (Editora Cortez)
  8. O país de João, de María Teresa Andruetto – Editora Global
  9. Poeminhas da terra (2016), de Tatiana Móes – Editora Pulo do Gato
  10. Terra de cabinha: pequeno inventário da vida de meninos e meninas do sertão (2016), de Gabriela Romeu – Editora Peirópolis

Livros Premiados SELEÇÃO CÁTEDRA:

  1. Adélia, de Jean-Claude Alphen (Editora Pulo do Gato)
  2. A minha avó, de Mariana Massarani (Editora Zit)
  3. O anel encantado, de Maria Teresa Andruetto (Editora Global)
  4. O barco das crianças, de Mario Vargas Llosa (Editora Alfaguara)
  5. O caderno da avó Clara, de Susana Ventura (Editora Sesi-SP)
  6. A caixa de Zahara, de Adriana Morgado (Editora Zit)
  7. A Fantasia da família distante, de Stella Maris Rezende (Editora Globinho)
  8. Histórias da menina da Rua da Ponte, de Guigui e Adelsin (Editora Zerinho ou Um)
  9. O irmão do meu irmão, de Cristina Villaça (Editora Zit)
  10. Kalinda, a princesa que perdeu os cabelos e outras histórias africanas, de Celso Sisto (Editora Escarlate)
  11. O lagarto, de José Saramago (Editora Companhia das Letras)
  12. Letras de Carvão, de Irene Vasco (Editora Pulo do Gato)
  13. Macunaíma, de Mário de Andrade (Editora Peirópolis)
  14. Meu pai vai me buscar na escola, de Junião (Editora Zit)
  15. Moscas e outras memórias, de Eve Ferreti e Fabíola Werlang (Editora Aletria)
  16. Nadinha de nada, de Laura Erber (Companhia das Letras)
  17. Nos telhados de Paris, de Katherine Rundell (Editora Martins Fontes)
  18. O que cabe num livro, de Ilan Brenman (Editora Panda Books)
  19. Para onde vamos, de Jairo Buitrago (Editora Pulo do Gato)
  20. O pintor debaixo do lava-loiças, de Afonso Cruz (Editora Peirópolis)
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