Os direitos reprodutivos das mulheres
23/08/2019 14:41
Mariana Albuquerque e Nathalie Hanna

Seminário discute problemas que envolvem a questão feminina nas cidades

A professora Maria Alice, do Departamento de Ciências Sociais e a professora Beatriz Jaguaribe, do Departamento de Comunicação da UFRJ. Foto: Gabriela Callado

Na abertura da segunda edição do Seminário Internacional Cidades Imaginadas, a professora Maria Alice Rezende de Carvalho, do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio, apresentou o novo site do Núcleo de Estudos e Projetos da Cidade (CENTRAL) do curso, um espaço inédito destinado a estudos sobre as cidades, e, segundo ela, uma inovação institucional. Maria Alice fez a divulgação do Primeiro Seminário Científico Latino-Americano, que ocorrerá na universidade em dezembro, e vai abordar questões de risco, arquitetura humanitária e gênero. Neste encontro, os participantes poderão concorrer ao segundo prêmio Marielle de arquitetura humanitária, criado em homenagem à ex-aluna da Universidade, a vereadora do PSOL Marielle Franco, assassinada no ano passado.

A historiadora Ana Maria Goetschel, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, abordou assuntos como a cidadania, o corpo, os direitos reprodutivos das mulheres e o aborto no Equador na primeira metade do século XX. De acordo com a professora, a mulher se tornou uma figura judicializada, principalmente a mulher que aborta. Ela ressaltou que o discurso médico, a imprensa e a justiça criminalizam e estigmatizam as mulheres em relação ao aborto.

A professora Ana Maria Goetschel, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais. Foto: Gabriela Callado

– No Equador, a questão do aborto sempre existiu como uma figura punitiva, mas não prendiam as mulheres que praticavam o feticídio. A punição é uma construção social e cultural. A partir de 2014, com o novo Código Penal e o contexto da revolução cidadã criada pelo ex-presidente Rafael Correa, as mulheres pobres e marginalizadas, especificamente, se tornavam presidiárias. Eu me perguntava o motivo desse fato se tornar tão inédito com a grande mobilização que ocorreu nessas circunstâncias.

A professora destacou o movimento Marea Verde, que luta para que se estabeleça a prática do aborto legal, seguro e gratuito. De acordo com ela, o movimento começou na Argentina, ganhou força inusitada em todas as regiões da América Latina e chegou ao Equador, que, segundo ela, é um país onde o tema ainda é pouco debatido nas Ciências Sociais.

Ao longo da palestra, a socióloga fez comparações entre seu país de origem, o Equador, e o Brasil. Ana Maria citou as situações em que o aborto é permitido no Brasil, como casos de estupro, enquanto, no Equador, a descriminalização por justificativa de ato de violência contra a mulher ainda está em debate.

A professora Beatriz Jaguaribe, do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), comentou sobre a intervenção do Estado na decisão do aborto, que o penaliza publicamente, com base, segundo ela, em discursos moralistas influenciados por governos anteriores, quando deveria ser laico.

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