A Gávea nos tempos do trabalho escravo
03/05/2017 18:38
Eduardo Gonçalves e Gabriella Figueiredo do Núcleo de Memória da PUC-Rio

O Núcleo de Memória da PUC-Rio traz uma reflexão sobre o cenário a Gávea e a Universidade na década de 1950.

Panorama do Rio de Janeiro tomado da Vista Chinesa (1869)

A região que abriga a Gávea, bairro escolhido para construir o campus da PUC-Rio nos anos 1950, já foi conhecida pelos nomes de São José da Lagoa, Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Gávea e Chácara Dona Castorina. Desde o século XVI, os terrenos dessa região foram distribuídos a sesmeiros, proprietários de escravos, que iniciaram o cultivo de cana-de-açúcar.

Até o século XIX, a Gávea era uma freguesia rural distante do núcleo urbano da cidade. O trabalho escravo ainda era predominante nas fazendas e chácaras de aristocratas, como a de José Antônio Pimenta Bueno, o Marquês de São Vicente, que posteriormente deu nome à principal rua do bairro.

O Solar Grandjean de Montigny, que faz parte do campus da Gávea da PUC-Rio, foi construído na década de 1820 pelo arquiteto francês Auguste Grandjean de Montigny sobre as ruínas de pedra da antiga moradia do bandeirante português André de Leão. Nos terrenos próximos, este ergueu o engenho do Vale da Lagoa e uma olaria que utilizava mão de obra escrava.

A região presenciou uma experiência de organização daqueles que viviam sob a escravidão. Na segunda metade do século XIX, em uma chácara instalada nos terrenos que viriam a fazer parte do bairro do Leblon, escravos fugidos foram acolhidos no Quilombo do Leblon onde trabalhavam no cultivo das camélias. Portar esta flor na vestimenta ou cultivá-la no jardim de casa passou a ser símbolo de apoio ao movimento abolicionista.

A maior parte do espaço hoje ocupado pelo campus da PUC-Rio na Gávea é formada por terrenos adquiridos de diversas dessas chácaras. Os fragmentos das antigas construções e a memória de seus moradores e trabalhadores oferecem pistas para identificar vestígios de tempos passados e compreender as transformações no espaço urbano no qual a Universidade está inserida.

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