Máscaras do bem
28/04/2020 11:02
Heloiza Batista

Alunas da PUC-Rio produzem máscaras de tecido para proteger contra a Covid-19 e colaborar para a proteção das pessoas

A obrigatoriedade do uso de máscaras como um tipo de barreira para evitar a proliferação do novo coronavírus, aos poucos se torna um hábito no dia a dia da população brasileira. Com o isolamento social, três alunas da PUC-Rio decidiram seguir a orientação do Ministério da Saúde e aproveitar o tempo da quarentena para produzir esses itens de proteção. E o que inicialmente era um passatempo se transformou em uma ação de fazer o bem.

Com uma máquina de costura caseira, a aluna do Mestrado de Design Eliane Viana, de 46 anos, fabrica peças feitas de tecidos como tricoline, sarja, e já confeccionou cerca de 150 máscaras. Quando termina, ela entrega para idosos, para pessoas que encontra nas ruas, ou para empregados que trabalham fora de casa. 

Acredito que nesse momento é necessário nos ajudarmos, estou sempre procurando formas mais simples de fazer as máscaras. O importante é todos usarem máscaras, quem pode ajuda quem não pode. Assim vamos conseguir passar por esta pandemia, com certeza sairemos mais fortes e com melhores valores.

Eliane Viana fabrica máscaras para doação. Foto: Acervo pessoal

Antes da pandemia, a designer dividia com a mãe um ateliê de costura nos dias que não tinha aula na Universidade e, por isso, tem uma boa quantidade de material e de fazendas em casa. Por causa do tema da pesquisa de Mestrado - a modelagem das fantasias de bate-bolas -, ela costuma fazer experimentos com tecidos e, agora, aproveita as sobras para a produção de máscaras. Ela usa uma variedade de estampas e desenhos, algumas personalizadas para crianças, mas, ressalta, há também modelos comuns para quem prefere algo mais simples.

Mãe de três filhos, Eliane está sem contato pessoal com os pais desde que foi determinado o isolamento social porque eles são idosos e se enquadram no grupo de risco da doença. Ela lembra que a inspiração para coser surgiu quando precisou comprar máscaras e álcool em gel para mãe e não encontrou.

Logo no início da pandemia, fui atrás de máscaras e álcool em gel para a minha mãe, procurei em todas as farmácias da Taquara e não encontrei, então eu decidi começar a fazer máscaras caseiras. Depois que fiz doei para o meu vizinho que é idoso, ele tem complicações médicas e é obrigado a ir ao hospital para tratamento. Assim como ele tem muitas outras pessoas na mesma situação, que precisam ir ao hospital no meio da pandemia e isso me deu forças para continuar a confecção das máscaras. 

A aluna do curso de Design, Cecília Quental, de 25 anos, e a irmã costuram com a ajuda de moldes feitos com caixa de papelão. Segundo Cecília, elas cortam os tecidos e cosem à mão, tudo é feito manualmente, mas de acordo com as instruções do Ministério da Saúde. Ela explica que as fazendas usadas são reaproveitadas de roupas e lençóis de 100% algodão, que estavam separados para doação. Cecília revela que o forro das máscaras é feito com tecido tipo TNT com o fator filtrador, e usa sobras de tecidos para as alças.

Máscaras feitas com tecidos reaproveitados. Foto: Acervo pessoal

As máscaras estão sendo doadas para quem precisa, fizemos para os porteiros do nosso prédio, e pretendemos continuar produzindo e doar para as pessoas em situação de rua. Sinto que, com essa atividade, estamos contribuindo minimamente para a proteção das pessoas. Se todo mundo fizer a sua parte, vamos sair mais unidos dessa crise.

A aluna de Comunicação Social Robertha Cardoso, de 19 anos, usa tricoline 100% algodão para as peças que cria. Ela começou a fazer esses itens de proteção para aproveitar a temporada de isolamento em casa, mas transformou o passatempo em uma produção mais organizada. Hoje, ela apronta diariamente cerca de 15 a 20 máscaras. Rorbertha diz que recebe muitas encomendas e cobra R$10,00 por cada unidade para arcar com o preço do material. Ela afirma que escolhe as estampas das máscaras de acordo com o cliente e procura selecionar diferentes estampas.

O ateliê improvisado de Robertha Cardoso. Foto: Acervo pessoal

 – A produção das máscaras ocupa o meu tempo, e ouvir comentários positivos a respeito delas me anima, pois, sinto que estou fazendo a minha parte e produzindo algo útil para as pessoas nesta quarentena. As máscaras contribuem para a segurança, não só minha, mas também das pessoas que compram, e isso é gratificante.

Por causa da falta de máscaras no mercado, o Ministério da Saúde orientou as pessoas a confeccionarem as próprias máscaras, mas a indicação é que essas peças devem ser trocadas sempre que ficarem úmidas. Por isso, o ideal é que cada pessoa tenha mais de uma para realizar a substituição.

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